[TAG] Verão Literário

TAG
Calor de rachar, momento propício para responder essa TAG.
Quem me indicou foi o Gustavo Henrique do Leitura Virtual e eu achei as perguntas muito legais. Essa TAG foi criada pelo blog Duas Livreiras e consiste em citar apenas um livro como resposta. Vamos para as perguntas:



1. Sol: um livro que iluminou seu dia.
O HOBBIT -  Esse livro com certeza é um dos mais fofinhos e engraçados que já li. A narrativa é tão leve, tão gostosa. Além de o Bilbo ser muito carismático!

2. Sorvete: um livro meloso.
OTELO - Gente, que melação aqueles Otelo e Desdêmona, credo! Todo mundo já tinha sacado que eles se amavam e eles ficavam se declarando o tempo todo, nossa! Achei demais.

3. Água de coco: um livro que nem todos gostam.
O MORRO DOS VENTOS UIVANTES - Eu gosto muito! Mas há aqueles que não suportam, é o famoso 8 ou 80. É realmente um livro fora dos padrões de "romance" e as pessoas que o pegam para ler - não sei porque - acham que é um livro daqueles de romance bem fofinho, ledo engano.


Foto: arquivo pessoal

4. Praia: um livro com muitos personagens.
MORTE SÚBITA - Até custei a engrenar a leitura desse livro, a J.K. só ia jogando um personagem atrás do outro e não explicava qual a relação entre eles, ufa. Custei a pegar no tranco nesse livro.

Foto: arquivo pessoal

5. Mar: um livro com um personagem que se você pudesse, você afogaria.
A GUERRA DOS TRONOS - O difícil é escolher só um! Tem os "malvados", seria fácil escolher o Joffrey ou o Lorde Petyr, mas tem uma personagem que me irrita porque só faz m****. É a Catelyn Stark! Meu, que mulher burra, só atrapalha e por causa dela muita coisa ruim aconteceu, enfim, entendo os motivos dela, mas ela poderia ter sido bem mais prudente.

Foto: arquivo pessoal


6. Areia: um livro desagradável.
A METAMORFOSE - Calma que eu vou explicar. Esse é um livro desagradável, sim, mas um ótimo livro, maravilhoso! "Como assim, Hel?" É que ele nos faz refletir sobre o abandono, é um livro que tira da zona de conforto, coloca o leitor numa situação agoniante demais. Leia a resenha para entender.

7. Viagem: um livro que você demorou para terminar.
1984 - Demorei mas valeu a pena. Essa não é uma leitura exatamente fácil e também não tem um número de páginas tão pequeno assim. Contudo, é um dos meus livros favoritos da vida!

Foto: arquivo pessoal

8. Suor: um livro que te fez suar de tanto nervosismo.
O PLANETA DOS MACACOS - O protagonista passa por cada perrengue, do início ao fim da narrativa. Imagina chegar num planeta onde os macacos são os seres racionais e os homens são selvagens? E ainda por cima o protagonista não fala a língua deles! Muito agoniante!

Foto: arquivo pessoal


9. Água: um livro essencial na sua vida.
ORGULHO&PRECONCEITO - Foi o livro que me apresentou à Jane Austen e me fez mergulhar nesse mundo de romances históricos, que era um gênero que eu tinha certo preconceitozinho, hehe. Além do mais, os protagonistas são o casal que eu mais amo na ficção <3

10. Verão: um livro com partes boas e partes ruins.
A HOSPEDEIRA - Faz tempo que li esse, mas lembro de não ter desistido porque ele era uma montanha-russa: tinha momentos de ação e suspense, com cenas muito boas, mas, de repente, ficava arrastado, as protagonistas sempre se brigando, enfim, um livro mediano.

Foto: arquivo pessoal

TAG dada, TAG respondida.

Para responder a TAG eu convido as meninas Thalita, Jack e Denise do Entrelinhas Fantásticas, a Tainan do Eu curto Literatura e a Thamiris do Historiar.


Beijinhos, Hel.

Projeto Escrevendo Sem Medo: Tema #10 Aquilo que eu não suporto

Olá, leitores! Tudo bom?
Hoje é dia de texto do Projeto escrevendo sem medo e o tema sugerido pela Thamiris do blog Historiar foi: aquilo que eu não suporto. Confesso que pensar em um tema para o texto de hoje foi um tanto penoso, tudo que eu pensava algum participante do projeto já tinha escrito ou eu percebia que não teria argumentos suficientes para sustentar meus posicionamentos. Enfim, já estava quase desistindo do projeto, escrevia, apagava, reescrevia... Apagava tudo de novo, e nada de sair um texto que eu achasse decente. Eu não queria abordar um tema que fugisse muito do que posto aqui no blog, mas percebi que isso seria impossível, porque aqui no blog eu falo do que eu mais amo: literatura. 


Pensando nisso, resolvi falar sobre uma coisa que eu sofro na pele, algo que, além de eu não suportar, eu preciso presenciar. Muita gente, inclusive pessoas bem próximas de mim, não sabem ou não desconfiam que eu não acredito em Deus. Sabe esse Deus, da Bíblia, todo poderoso, criador do céu e da Terra? Exatamente. Mas isso não significa que eu seja ateísta, eu só escolhi viver minha vida sem crença religiosa. Isso também não significa que eu acredite piamente na não-existência de um deus, só não acredito nesse Deus do cristianismo, nem do islamismo, nem do budismo, enfim, vocês entendem?
Só que quando eu digo isso a reação das pessoas é sempre muito indagativa: "Você não acredita? Por quê?" Oras, eu por acaso saio perguntando para as pessoas por que elas acreditam? Não. 
Então por que é tão difícil entender a opção que o outro escolheu? Mas até aí, quando as pessoas não entendem o porquê de você ter religião x, y, z - ou até não ter religião nenhuma -, está tudo tranquilo, favorável. O problema surge quando há a INTOLERÂNCIA. Intolerância religiosa é um mal da nossa humanidade, os pagãos eram perseguidos na antiguidade e, hoje em dia, muitas guerras, como as do oriente médio, são causados por divergências religiosas. "Mas, Helena, as religiões todas não pregam o amor e a paz?" Teoricamente, sim. Na prática, vemos pessoas julgando as outras a seu bel prazer simplesmente porque essa outra pessoa é de uma religião diferente. 
Há um tempo atrás, eu me indignei muito com uma notícia que vi circular na mídia; uma menina que saía de um culto de candomblé foi apedrejada - APEDREJADA, vejam bem - por dois homens que seguravam uma Bíblia e proferiam palavras ofensivas a ela e à avó da menina. Gente, eu me pergunto o que essa menina fez para ser agredida? Em pleno século XXI, numa sociedade tão heterogênea, diversificada não só nas crenças, mas nas ideologias, nacionalidades, enfim, multifacetada, ainda existem pessoas que não aceitam as escolhas dos outros e acham que só a religião deles é que é passível da verdade e salvação. Isso é, além de um absurdo, muita ignorância. Ignorância porque qualquer pessoa que se disponha a estudar religião, ou que tenha acesso à informação, sabe que elas existem nas mais variadas formas: há religiões monoteístas e politeístas, religiões mais e menos liberais etc. Por que tanta maldade? Um ato como este, a meu ver, nada tem a ver com religião, mas sim com preconceitos. Bom, mas aí já é outra discussão.

Afinal, todas as religiões podem "coexistir", sim!


Eu quero que vocês entendam esse texto não como o de uma pessoa descrente que está criticando as religiões, pelo contrário. Eu desejo, do fundo de meu coração, que as pessoas parem de julgar umas as outras baseadas em preconceitos e intolerância. Mais amor, por favor!

Beijinhos, Hel.

[Resenha] A jovem Alessia - Louise Bennett

“A jovem Alessia” é um romance de época que se passa em um local fictício, em meados do século XVIII, na França.
Alessia, a protagonista, é uma jovem de dezesseis anos que mora com o pai viúvo na vinícola La Vignette. O pai dela, o Conde Duchamp, odeia a filha com todas as forças, fazendo de tudo para que Alessia não tenha acesso à educação e a uma vida social. Alessia acreditava que tal tratamento se devia ao fato de a mãe ter morrido depois de dar à luz a ela, fazendo com que o pai a visse como a responsável pela morte da amada esposa. Contudo, Alessia é amada pelo rei Henri, seu padrinho, e pela princesa Anna, que a considera sua irmã.
Certo dia, Emilie, criada de Alessia, insiste que a jovem precisa sair e comprar tecidos para encomendar vestidos novos, o que sua ama aceita mediante os argumentos de que seus vestidos já estão curtos e ultrapassados. Ao chegarem ao mercado da cidade, a atenção de Alessia é logo captada pela visão de um jovem cavalheiro, o capitão da guarda real e fiel escudeiro do rei, Marcus de Lanpré. Concomitantemente, ele também se atrai pela jovem que nunca havia visto tão bela pelas redondezas e tenta se aproximar dela, mesmo com as advertências do amigo Louis, que lhe diz que ela jamais lhe aceitará a corte, pois se trata de uma nobre e ele, um plebeu. Ao perceber que Marcus se aproxima, Alessia, ingênua, sai correndo, mas pensando no belo rapaz que vira no mercado. Foi amor à primeira vista.

"Ora, a mocinha vira um rapaz atraente e se interessara por ele, e ele obviamente também se interessara por ela, a ponto de ter tentado vir cumprimentá-la. Mas ela era tão inocente, tão bobinha, que em vez de permitir ser galanteada, como o faria a maioria das jovens aristocratas da corte, resolveu sair correndo."

Por ocasião do aniversário da princesa, Alessia é convidada a passar uma temporada na corte, o que seu pai só permite diante da autoridade do rei, assim, a jovem se encaminha para lá. Ao chegar, é recepcionada por ninguém menos que Marcus, que já havia se informado que a moça que tinha visto no mercado era amiga da princesa e afilhada do rei. Logo, ele dá um jeito de se aproximar dela e confessar seu amor, não sem a ajuda de seu amigo Louis.
Os dois, confessos apaixonados, porém, sabem que jamais poderiam casar-se porque o pai de Alessia jamais permitiria que ela se casasse com um plebeu. Sendo assim, o rei Henri, que sempre considerou Marcus como um filho, dá a este o título de Conde de Lanpré, só assim, e mediante muita chantagem, é que o pai de Alessia aceita.
Mas essa foi só a primeira das muitas dificuldades que Marcus e Alessia encontram durante seu caminho; eles precisam lidar com os caprichos da princesa Anna, que esconde um segredo por trás de suas longas caminhadas até a fronteira. Também enfrentam muitos conflitos familiares e a cruel corrida ao trono do rei Henri, que já está velho e vê-se rodeado por um bando de víboras. Além disso, há o surgimento de um misterioso personagem que acabará por definir o destino de Alessia para sempre.
A capa do livro

***

Paixões proibidas, guerra, escândalos e mistérios - muitos mistérios -  compõe esse envolvente e nada meloso romance de Louise Bennet.
Confesso que, no início, achei a narrativa muito semelhante à da rainha Jane Austen, porém, este livro tem um diferencial que me fez gostar: ele relata a vida do casal protagonista durante a vida de casados! Coisa que Jane Austen nunca fez e sempre nos deixou com aquele gostinho de quero mais (quem nunca quis saber se Mr. Darcy e Lizzie tiveram filhos etc. ?). Mas não pense que essa vida de casados de Alessia e Marcus foi uma rasgação de seda, não; morando na corte, eles precisam se esquivar dos comentários maldosos, das intrigas e segredos dos nobres.
Os personagens são muito bem construídos, de modo que nos afeiçoamos a alguns e odiamos outros. Posso dizer que Alessia foi uma personagem que eu gostei, apesar de em alguns momentos achar que ela era inocente e perfeita demais, isso dá um tom bucólico a ela que justifica a sua criação isolada do mundo. Apesar disso, ela se mostra sensível às injustiças que a rodeia: se indigna com os luxos da nobreza, as traições que assolam seu padrinho, o rei, e a futilidade das pessoas da corte. Mas a característica da personalidade de Alessia que me fez admirá-la foi sua independência. Algumas vezes, constatou o machismo que a rodeava e, ao invés de ficar parada, tratou de aprender a se defender sozinha; aprendeu esgrima, ajudava o marido em seu ofício e não se reclinava à opinião dos outros, sempre mantendo a educação apesar de suas inclinações políticas serem terminantemente contra as injustiças sociais que via ao seu redor.
A escrita de Louise é de uma estilística impecável, fazendo jus ao gênero, ela emprega formas verbais e palavras rebuscadas, muitas vezes lançando mão de próclises e mesóclises, embora seja perceptível que a narrativa tem um tom moderno, sem deixar a leitura difícil. Em alguns momentos, a narrativa se tornou um pouco parada, e isso me fez arrastar um pouco a leitura, contudo, nos últimos capítulos não conseguia parar de ler diante de tantas revelações e acontecimentos bombásticos.
Indico a leitura desse livro para aqueles que gostam de um bom romance de época, a escrita é rica, mas ao mesmo tempo fluída. O romance aparece em uma dose certa, sem enjoar o leitor (já deu para perceber que não gosto de romances melosos, né) e há aquele toque, ainda que pequeno, de crítica social que tanto admiro nos romances históricos.

PS.: A data oficial de lançamento do livro físico é dia 30/04/2016 e estará sendo vendido no site: www.romance.online.nom.br ou na Livraria Leitura.

Beijinhos, Hel.

BENNET, Louise. A jovem Alessia. 2. ed. São Paulo: Forsaken. 2016. 388 p.


TAG Literária: #diferentona

TAG
Olá, leitores!
Hoje vou responder a TAG Literária: #diferentona criada pelo blog Entretanto e que a linda Thamiris do blog Historiar me indicou. Achei a ideia da TAG bem diferente (jura?) e adorei as perguntas, espero que vocês também curtam :)


1. Só eu que li? - Um livro que a maioria das pessoas desconhece, mas você leu.

Bom, "Eram os deuses astronautas" é um livro bem antigo, foi escrito em 1968 e eu sei que já foi lançada uma edição mais recente, mas a minha é bem antiga e eu não conheço mais ninguém, além do meu irmão, que já tenha lido. 

2. Só eu que não gostei? - Um livro aclamado, menos por você.

Não me apedrejem, mas eu juro que não curti tanto "A culpa é das estrelas". Eu li bem na época do hype e acho que criei muita expectativa, não consegui chorar nem rir, na verdade, eu só fui lendo e aí quando acabou eu parti para outra leitura, esse livro não deixou nenhuma marca em mim.

Foto: arquivo pessoal
3. Só eu que vi apenas o filme? - Um livro que você quer muito ler, mas só assistiu ao filme.

É muito difícil eu primeiro assistir ao filme quando eu sei que tem o livro, mas eu confesso que assisti "Ensaio sobre a cegueira" antes e achei o filme muito bom, mas como nunca li nada do Saramago, quero muito ler esse livro que vivo adiando a leitura há mais de um ano!


4. Só eu que não li nada dele(a)? - Um autor famoso de quem você nunca leu um livro.

Charles Dickens. Tenho muita curiosidade em ler algum livro dele, até já comprei um mas é um calhamaço tão assustador que eu fico adiando.

Foto: arquivo pessoal
5. Só eu que gostei do malvado? - Um livro com um vilão (ou não-herói) pelo qual você torceu mais do que pelo mocinho.

"O morro dos ventos uivantes" é um livro muito controverso no que tange às opiniões dos leitores, muita gente, como eu, ama, mas a maioria odeia e um dos principais motivos é justamente o protagonista. Heathcliff é vingativo e cruel, mas eu entendo ele e as atitudes dele e isso me faz vê-lo de uma maneira mais humana, digamos. Ele poderia ter sido menos malvado? Poderia. Mas, então, o livro não seria tão bom.

6. Só eu que acho que panela velha é que faz comida boa? - Um livro já desgastado, mas que você ama.

Eu poderia aqui citar qualquer livro da Jane Austen, porque ela arrasa. Persuasão foi o último livro lançado da autora e, apesar de ser uma estória já conhecida por muitos e que eu já tenha lido mais de uma vez, não veria problema em ler de novo :) [Resenha]

Foto: arquivo pessoal
7. Só eu que leio nacionais? - Um autor nacional que você adora.

Clarice Lispector. Descobri meu amor por essa autora na quarta fase do curso de Letras, quando estudei o Modernismo na disciplina de Literatura Brasileira III e, desde então, comecei a me enveredar nos escritos dela <3

Foto: arquivo pessoal
6. Só eu que amo clássicos? - Um livro clássico que você gostou.

Poderia ficar horas a fio citando os clássicos que gosto, já que é o tipo de livro que mais leio, mas vou escolher um clássico do gênero distopia: 1984 de George Orwell que é simplesmente incrível!

Foto: arquivo pessoal

7. Só eu que li antes de virar filme? - Um livro que foi/vai ser adaptado para o cinema e você leu antes.

Reza a lenda que "A menina submersa - memórias" vai virar filme e eu fiquei muito feliz com a notícia pois adorei o livro. [Resenha]

Foto: arquivo pessoal
8. Só eu que odiei o (a) principal? - Personagem principal que você odiou.

Ódio é uma palavra tão forte, haha. Mas um personagem que me tirou do sério foi o Fabiano de "Vidas secas". Eu acho que nenhum autor escreve um personagem com o intuito que os leitores não gostem, quanto mais odiar. Contudo, Graciliano quis mostrar a natureza violenta e agreste do Fabiano e conseguiu com maestria.


TAG dada, TAG respondida.

Já leram algum dos livros citados? Discordam de alguma opinião minha? Vamos conversar nos comentários!

Para responder a TAG eu indico os blogs:
Eu curto Literatura
Entrelinhas Fantásticas
Balaio de babados
Nada tão clichê

Beijinhos, Hel.

[Parceria] Grupo Editorial Record

Olá, leitores! 
É com muita alegria que eu venho anunciar que o Leituras&Gatices agora é parceiro do Grupo Editorial Record!
Não tenho palavras para mensurar a alegria que tomou conta de mim desde ontem, quando vi o nome do blog na lista, em meio a tantos blogs maravilhosos, e só tenho a agradecer pela oportunidade conferida a mim e ao blog e pelo reconhecimento do trabalho que tenho feito para incentivar a leitura. Nunca imaginei que em tão pouco tempo de blog eu conseguiria uma conquista tão grande como esta, e isso só impulsiona a minha vontade de me dedicar ainda mais aos textos e resenhas que faço aqui nesse espaço.
Essa é a primeira parceria do blog com uma editora, e começar com o Grupo Editorial Record logo de cara é algo que me deixa extremamente feliz, pois admiro muito a editora Record, em particular, que lança excelentes títulos e tem uma qualidade na revisão e diagramação impecável!
A partir de agora, o selo da parceria estará na lateral do canto direito do blog 

Sobre o Grupo Editorial Record: Uma empresa 100% nacional: o maior conglomerado editorial da América Latina fala português. Líder no segmento dos não-didáticos, o Grupo Editorial Record mantém a posição apostando em qualidade e diversidade. Desde 1942, quando foi fundada por Alfredo Machado e Décio Abreu como uma distribuidora de quadrinhos e outros serviços de imprensa, conserva a vocação de difundir informação, conhecimento, cultura e entretenimento literário.
De seu parque gráfico, composto pelo Sistema Poligráfico Cameron, um moderno equipamento de impressão, único no continente, saem até 100 livros de 200 páginas por minuto. Ficção; narrativas históricas e científicas; ensaios culturais, sociológicos, literários e filosófico; reportagens; romances policiais e de suspense, literatura feminina e quadrinhos fazem parte do variado catálogo do grupo, hoje com mais de 6 mil títulos.

Quais selos estão inclusos na parceria com o Grupo Editorial Record? Record, Verus, Best Seller, Best Bolso, Best Business, José Olympio, Civilização Brasileira, Paz e Terra.

Para conferir os lançamentos e o catálogo da editora, basta acessar o site: www.record.com.br 
Além do site, vocês podem acompanhar a editora nas redes sociais: Twitter, Instagram e Facebook

Era isso, pessoal! Só queria dividir a minha alegria e a novidade com vocês! Espero que dessa parceria eu possa trazer muitos livros interessantes para vocês e que o blog continue crescendo para alcançar mais conquistas como essa. 
Ah, continuem acompanhando as redes sociais do Leituras&Gatices para saber das novidades!

Beijinhos, Hel.

Orlando - Virginia Woolf

"O homem tem a mão livre para pegar a espada, a mulher deve usar a sua para evitar que os cetins lhe escorreguem dos ombros. O homem encara o mundo de frente, como se tivesse sido feito para seu uso e de acordo com o seu gosto. A mulher lança-lhe um olhar de esguelha, cheio de sutilezas e até de desconfiança. Se usassem as mesmas roupas, é possível que sua maneira de olhar viesse a ser a mesma." (Woolf, 1994, p. 138-139)

Foto: arquivo pessoal

A história de Orlando é no mínimo curiosa quando vista pela primeira vez: Orlando é homem até os trinta anos e, certo dia, acorda como mulher! Como se não bastasse, Orlando vive mais de quatro séculos. Confuso? Pois eu digo que esse livro é um dos mais lindos e profundos que já li!

A história começa quando o protagonista é um belo e jovem rapaz que vive na Inglaterra do século XVI no seio de uma família abastada. Quando a rainha Elizabeth visita a sua família, ela se encanta com o rapaz e ele passa a ser seu protegido. A partir daí passamos a acompanhar vários momentos da vida de Orlando, esparsos, mas em ordem cronológica. A primeira grande aventura dele se dá quando ele conhece uma princesa russa; eles se amam ardentemente e planejam fugir, contudo, na data e hora do ato ela não aparece e Orlando, a partir daí, se decepciona tão profundamente que entra em um estado de depressão e melancolia. Ele, então, se enclausura em sua casa e fica obcecado pelos livros e pelos autores que o escrevem, vivendo por muito tempo assim. Mas tudo muda quando ele dorme um sono profundo de sete dias e acorda:

"- e com isso Orlando despertou.
Espreguiçou-se. Levantou-se. Ficou de pé completamente despido diante de nós, e enquanto as trombetas soavam Verdade! Verdade! Verdade! não temos escolha senão confessar - ele era uma mulher." (Woolf, 1994, p. 103 )

Após esse evento, e para a surpresa do leitor, o pronome muda e ele agora é ela! Contudo, o fluxo da narrativa segue naturalmente, embora em Orlando tenha se operado uma mudança das mais singulares. Com a mudança, o protagonista, então, começa a refletir sobre as vantagens e desvantagens de já ter sido homem e, agora, ser mulher:

"Lembrava agora como, quando rapaz, insistira em que as mulheres deviam ser obedientes, castas, perfumadas e caprichosamente enfeitadas. "Agora tenho que pagar pessoalmente por esses desejos" , refletiu; "pois as mulheres não são (julgando pela minha própria curta experiência do sexo) obedientes, castas, perfumadas e caprichosamente enfeitadas por natureza." (Woolf, 1994, p. 117)

"Qual é o maior êxtase? O do homem ou o da mulher? E não serão talvez idênticos?" (Woolf, 1994, p. 116)

Orlando percebe, contudo, que, com a mudança do sexo, as cobranças da sociedade para com a sua conduta mudam totalmente. Antes ele podia ser arrojado, agora precisa ser recatada. 
A protagonista, a partir desse acontecimento, vive até a época presente (época presente do livro, anos 20).

***

É difícil descrever a experiência da leitura dessa obra. Se eu tivesse que escolher uma palavra para definir Orlando seria "singular". A escrita de Virginia Woolf é magnífica, pois, em um único livro, ela consegue abordar temáticas como a homossexualidade, a sexualidade, androginia e o feminismo. As críticas são quase explícitas e o modo como ela viabiliza tocar nesses assuntos, tão polêmicos na época, dela é genial, pois a mudança de sexo de Orlando não só dá ao leitor a perspectiva da condição de ambos os sexos, como também mostra a visão da sociedade em relação ao sexo feminino. A transfiguração do sexo masculino para o sexo feminino dá ao leitor um panorama das duas situações: ser homem e ser mulher, mesmo que no mesmo corpo; quando homem, Orlando é tratado de uma forma, quando mulher, de outra.
A leitura, em alguns momentos, foi difícil sim, não vou negar. Assim como Clarice Lispector, Virginia também divaga durante a narrativa e estabelece uma conversa com o leitor, o que me passou a mesma sensação intimista das obras da Lispector. Mas eu vejo isso de uma forma positiva e que dá à narrativa um tom quase poético, embora seja em prosa.
Um dos aspectos que achei muito marcante no enredo foi a marcação de tempo. A duração de uma vida é colocada em cheque pela autora, que demonstra que uma pessoa pode viver quatro séculos dentro de um corpo de trinta e seis anos, enquanto alguns já estão mortos e nem sabem disso. Ela enfatiza que a experiência de vida e o modo como a levamos não condiz com o tempo do relógio. Talvez soe um pouco confuso, é difícil para mim expressar da mesma maneira que Virginia expressou por motivos óbvios, mas o que quero que entendam é que a mim esse livro causou reflexões muito pertinentes e valiosas. 

Foto: arquivo pessoal
Acho que vou parar por aqui, já me prolonguei demais, mas, antes, quero pedir: leiam Orlando!
Apesar de ser uma leitura densa, é uma experiência das mais gratificantes.

PS.: a quem possa interessar ou ainda não saiba, o livro Orlando, em algumas edições, leva o subtítulo "uma biografia" devido ao fato de Virginia ter dedicado a obra à Vita Sackville West, que era muito sua amiga e com a qual Virginia teve um caso amoroso. Orlando, logo, é na verdade a própria Vita.

WOOLF, Virginia. Orlando. Rio de Janeiro: Ediouro, 1994. 238 p. Tradução: Laura Alves

[Parceria] escritora Louise Bennett

Olá, leitores! Novidade para vocês! É mais uma parceria que o blog firma e, dessa vez, é com a Louise Bennett que está lançando o romance histórico (meu gênero favorito!) "A jovem Alessia". Quando eu vi a sinopse do livro logo me interessei, achei tão Jane Austen! E quando entrei em contato com a Louise ela foi tão querida (vocês não tem noção) que minha vontade de conhecer e divulgar a obra dela só aumentou. Além do mais - sou suspeita para falar - ela é formada em Letras! Gente, amo pessoas de Letras, haha. Conheçam melhor a Louise:

Breve biografia: Louise Bennett é tradutora e escritora. Casada há 23 anos, mora com o marido no interior de São Paulo. Formada em Letras e com Pós-graduação em Tradução Técnica pela USP, foi secretária em multinacionais e, agora, há mais de dezoito anos, trabalha com traduções técnicas, literárias e legendagem de filmes. Desde a juventude escreve contos, peças teatrais e poemas. As peças que escrevia naquela época eram encenadas no colégio onde estudava.

O LIVRO: "A JOVEM ALESSIA"

Capa do livro

Sinopse: França, século XVIII. Alessia é uma jovem simples e inocente, que vive numa fazenda vinícola com o pai, um conde amargurado que não tem carinho pela filha. Convidada pela princesa Anna, Alessia vai passar uma temporada na corte do rei Henri, seu padrinho, e lá se apaixona pelo jovem capitão Marcus de Lanpré, principal oficial da guarda real e braço direito do rei. Sofrendo por um amor impossível, já que era nobre e Marcus, um plebeu, Alessia enfrentará muitos obstáculos. Há lutas de espadas, festas, bailes, guerras, intrigas e um final inesperado! A descoberta do amor e do sexo, a vida conjugal e o valor das amizades, em meio a conflitos pessoais e familiares, recheiam este romance. Embora os muitos diálogos utilizem as formas verbais da segunda pessoa para dar um toque de época, o livro é fácil de ler, apresentando uma narrativa rápida.
O livro foi escrito com inspiração em antigos e consagrados romances juvenis da literatura internacional, tais como: “O Conde de Monte Cristo”, “Mulherzinhas”, “Ivanhoé”, etc., mas traz seguramente a marca da modernidade. As situações retratadas no livro não descrevem nenhum trecho da verdadeira história da França ou das famílias reais que lá viveram. No entanto, os detalhes históricos, principalmente sobre sucessão monárquica, sobre história dos costumes e outros de maior relevância, foram minuciosamente pesquisados com o intuito de dar veracidade à história.

***

Para entrar em contato com a Louise:
Sites: www.romance.online.nom.br e www.escritoralouisebennett.com
Página no Facebook: https://www.facebook.com/EscritoraLouiseBennett

Vocês também gostam de romances históricos?
Espero que tenham gostado da novidade e da premissa do livro!

Beijinhos, Hel.


Saldo de carnaval: Maratona Skindô-Skindô 2016

Olá, leitores! Como foi o feriado de carnaval?
Eu não sei vocês, mas eu não curto muito sair nessa data, então, resolvi fazer maratona de leitura! Se vocês acompanham o Leituras&Gatices nas redes sociais (Twitter, Instagram e Facebook) devem ter percebido que eu aderi à "Maratona Skindô-Skindô" que a Tatiana Feltrin idealizou. Essa maratona teve início no dia 05/02 ao meio-dia e finalizou dia 10/02 ao meio-dia também. Eu entrei sem muita convicção, já que dois dias da maratona seriam durante o final de semana (período em que eu costumo ler pouco), mas a maratona rendeu mais do que eu esperava e vou mostrar para vocês o resultado das leituras:

ORLANDO - VIRGINIA WOOLF

Foto: arquivo pessoal

Coloquei Orlando na TBR da maratona já que é a leitura desse mês do clube do livro do meu curso, Letras. Achei que a leitura seria difícil e atrapalharia o andamento da maratona, ledo engano, que estória maravilhosa!
Nesse breve romance acompanhamos a vida de Orlando que, na era Elisabetana é um jovem e belo homem até que, certo dia, quando está com trinta anos, acorda como uma mulher e vive até o final de sua vida desse modo, atravessando séculos. A estória se passa na Inglaterra e é muito curiosa. Amei o estilo da escrita da Virginia Woolf. Fiquei tão encantada com essa leitura que nem sei se vou conseguir colocar tudo que senti e aprendi numa resenha, o que vocês acham, faço resenha ou não?
Esse foi o primeiro livro que concluí durante a maratona, no sábado.

O RESTAURANTE NO FIM DO UNIVERSO - DOUGLAS ADAMS

Foto: arquivo pessoal


Dando continuidade à leitura da série O guia do mochileiro das galáxias, inclui o segundo volume na TBR. O restaurante no fim do universo dá sequência às aventuras espaciais do terráqueo Arthur Dent após a Terra ser destruída no primeiro livro.
Eu me apaixonei pela escrita irônica no melhor estilo inglês de Douglas Adams, o segundo volume se mostrou tão bom e recheado de críticas pertinentes quanto o primeiro, e só me fez ficar com mais vontade de ler os próximos. Além disso, a leitura é tão fluída que terminei em algumas horas, mesmo possuindo mais de 200 páginas. Essa foi a segunda leitura concluída da maratona, também no sábado.

ZIZZ E A MULHER EM PÓ - J. C. ZEFERINO

Foto: arquivo pessoal

Mais uma ficção científica, só que, dessa vez, de autor nacional. 
Zizz e a mulher em pó narra a trajetória de Zizz num futuro não muito distante em que as pessoas já não se envolvem uma com as outras por amor e homens e mulheres comumente compram seus parceiros: as mulheres e homens em pó que são seres orgânicos programados para obedecer seus donos.
Esse livro eu li em poucas horas e terminei no domingo, acho que vou fazer resenha aqui no blog mais para frente.

AS AVENTURAS DE SHERLOCK HOLMES - ARTHUR CONAN DOYLE

Foto: arquivo pessoal

Esse livro eu não consegui concluir a leitura a tempo de a maratona acabar, mas, como é uma coletânea de contos, e eu li até a metade ( 5 contos ), acho que foi uma escolha acertada ter deixado esse por último já que não é um livro que eu precise começar e terminar!
Como eu amo as histórias do Sherlock, ler essa coletânea me fez perceber o quanto eu estava com saudades das narrativas do Conan Doyle! Mas não sei se vou dar continuidade à leitura agora, já que tenho algumas leituras mais urgentes para fazer ( será que vem mais uma parceria por aí ;) ?).

Essas foram as leituras da "Maratona Skindô-Skindô 2016":

Foto: arquivo pessoal

***
Confesso que nunca havia participado de nenhuma espécie de maratona antes porque tinha medo do flop achava que não iria render, mas essa rendeu muito e fiquei muito feliz, pois pude adiantar muito a minha meta de leitura de 2016 (não sei se vocês lembram mas, nesse ano, me propus a ler 50 livros, #aloka) já que em janeiro li só dois livros (tudo bem que eram dois quase calhamaços).
Enfim... Eis os livros lidos durante esse cinco dias, minha TBR foi modesta, mas, como leio devagar, acho que me superei! Já leram algum dos títulos citados? Tem algum que vocês querem que eu resenhe em especial?


Beijinhos, Hel.

[Resenha] Ailla e o Luferino - R.C.A.

Olá, leitores! Hoje trago mais uma resenha e dessa vez é de um livro ( e-book, na verdade) que eu recebi em parceria com três autores.

Capa: a ilustração foi feita pelo co-autor Airton Júnior .

Na fantasia “Ailla e o Luferino”, conhecemos a protagonista Ailla Angelin, uma garota de 14 anos com longos cabelos ruivos. Ela vive na cidade de Calgary, no Canadá, com seus pais, Hellen e John, e tem uma vida confortável e aparentemente normal, até que... Coisas estranhas começam a acontecer!
Ailla tem um bichinho de pelúcia que se chama Duas Cores e nunca se separa dele, ela dorme com ele, inclusive, apesar de já ser uma adolescente. Contudo, Duas Cores começa a desaparecer misteriosamente e Ailla pensa estar ficando louca, quando conta à melhor amiga, Natasha sMacGreen, Naty também acha que a amiga está fora do juízo perfeito. Todavia, Ailla percebe que, sempre que Duas Cores está “sumido”, coisas muito estranhas - muito estranhas mesmo – acontecem e ela pode apostar que seu amigo de pano está envolvido nisso!

“[...] mal sabiam elas que muito mais do que imaginavam estava por vir e nem faziam ideia de que a vida comum que possuíam, deixaria de ser tão comum em pouquíssimo tempo.” (R.C.A., p. 11)

Certa noite, Ailla, sem querer, ouve a conversa dos pais, Hellen e John, e, a partir daí, sua vida perde todo o sentido e ela percebe que quem pensava que era já não faz mais diferença. Desesperada com a descoberta, ela sai de casa em meio a uma nevasca e encontra o misterioso Ven, que a salva de congelar e diz ser seu “protetor”. É Ven quem conta a Ailla qual a sua verdadeira origem e, ainda, revela que a garota vem de outro planeta, Berilliam, um lugar em que a magia existe e seres mitológicos e mágicos vivem em constante guerra, um lugar que precisa que a paz seja restaurada e Ailla é a única que pode fazer isso, está em seu destino!
Ailla fica muito confusa, mas o que mais fazia sentido depois do que descobriu naquela noite? Nada. A partir de então, Ailla e seu protetor, o Luferino Ven, sua amiga Naty e o misterioso Weyne Wizzard partem em uma aventura em busca de respostas, todos com o mesmo objetivo, ajudar Ailla a cumprir sua missão!

"“Vida... Quando você menos espera tudo muda. Até você muda. Há alguns meses eu nem pensaria em sair de Calgary, afinal tudo era perfeito aqui. E tudo era mentira. Li uma vez na internet: quando você pensa que tem todas as respostas, vem a vida e muda todas as perguntas. Foi assim que aconteceu comigo." (R.C.A. p. 99)

***
O livro Ailla e o Luferino foi escrito por três mãos: Rafaela Souza, Cinthia Silva e Aírton Júnior, que entraram em contato comigo para que fizéssemos essa parceria e eu pudesse mostrar essa estória para vocês!
A leitura foi muito rápida, pois a narrativa tem muitos diálogos e pouca descrição, embora eu acredite que poderia ter tido um pouco mais de ação e em alguns momentos eu senti a falta de um narrador mais presente. Ailla e o Luferino é o primeiro volume de uma série que terá mais outros sete livros, logo, acredito que a ação está reservada para os próximos livros, nos quais acredito que Ailla irá voltar para sua terra natal, Berilliam, e precisará encarar muitas dificuldades.
Recomendo essa leitura para adolescentes, pois a escrita é simples e os leitores vão se identificar com os personagens. Um ponto negativo da leitura foi a quantidade considerável de erros ortográficos que encontrei, quem me conhece sabe o quanto eu implico com isso. Apesar de não ter ficado tão presa ao enredo e não ter me identificado com nenhum personagem em especial, eu fiquei bastante curiosa para saber como a estória vai se desenrolar nos próximos livros.

Gostou da premissa da fantasia Ailla e o Luferino? Você pode encontrar os autores pelo e-mail aillaeoluferino@gmail.com ou nas redes sociais:
Ailla e o Luferino no Instagram.
Ailla e o Luferino no Facebook.
Ailla e o Luferino no Twitter

Beijinhos, Hel.

SOUZA, Rafaela; SILVA, Cinthia; JÚNIOR, Aírton. Ailla e o Luferino. 1ª ed. Juazeiro do Norte: publicação independente. 2014. 101 p.



Memórias de uma gueixa – Arthur Golden



A dor é uma coisa muito esquisita; ficamos tão desamparados diante dela. É como uma janela que simplesmente se abre conforme seu próprio capricho. O aposento fica frio, e nada podemos fazer senão tremer. Mas abre-se menos cada vez, e menos ainda. E um dia nos espantamos porque ela se foi. (p. 273)

Antes de ler Memórias de uma gueixa, confesso que jamais tinha refletido acerca do que é uma gueixa, simplesmente me vinha à cabeça aquela imagem de uma bela mulher de quimono e maquiagem branca, mas nunca me aprofundei acerca dessa tradição. Ao mergulhar na leitura de Memórias de uma gueixa, pude não só descobrir o que é ser uma gueixa, como também descobrir muita coisa sobre a cultura japonesa.
***
Nessa belíssima obra, conhecemos a protagonista Chiyo Sakamoto ainda criança, a morar no pobre vilarejo de Yoroido com os pais e a irmã. Com a mãe doente a beira da morte, o pai vende as duas meninas como escravas. Chiyo acaba sendo levada para uma okyia em Quioto (lugar onde moças são treinadas para se tornarem gueixas) e a sua irmã, Satsu, é levada para outra direção, assim, as duas irmãs se separam.
Desorientada, Chiyo não vê outra saída a não ser aceitar a situação que lhe é imposta, assim, passa a trabalhar na okyia e a frequentar as aulas. Uma aprendiza de gueixa aprende principalmente a dançar e tocar instrumentos musicais para que, no futuro, possa entreter homens em casas de chá. Falando em chá, a cerimônia do chá é algo muito prezado pelos japoneses até hoje, pelo que pesquisei, sendo essencial que uma gueixa a estude para que possa trabalhar entretendo nas casas de chá. Logo que chega, todos ficam admirados com a peculiaridade dos olhos de Chiyo, que se diferem do padrão dos olhos orientais:

- Mas que olhos estranhos! – disse. – Pensei ter imaginado isso. De que cor diria que são, Tatsumi?
 A criada voltou para a entrada e me olhou.
- Azul-cinza, senhora – respondeu.
- É o que eu teria provavelmente dito. Ora, quantas meninas em Gion você que acha que tem olhos desses? (p. 130)

Acredito que não seja um spoiler eu dizer que, embora tenha tido muitas dificuldades, Chiyo se torna uma gueixa de muito sucesso e passa a se chamar Sayuri. As dificuldades a que me refiro são muitas, já que ser uma gueixa não é tão simples como eu pensava. As meninas estudam anos, às vezes começam os estudos aos três anos de idade para que, só na idade adulta, muitas vezes, consigam vir a se tornar uma gueixa. Uma das maiores dificuldades que Sayuri encontra está em Hatsumomo, uma gueixa muito famosa e bela que mora na mesma okiya que ela. Hatsumomo é uma verdadeira vilã, movida pelo ciúmes, faz o que pode para arruinar a carreira de Sayuri, a qual ela vê como uma grande rival. 
***
É difícil falar desse livro, pois é um daqueles tão maravilhosos que sinto que não há palavras que possam descrevê-lo, embora eu possa apontar alguns aspectos que me despertaram a curiosidade no enredo de Memórias de uma gueixa, como a sexualidade, que é uma temática que permeia todo o enredo. Descobrimos que muitas pessoas confundem as gueixas com as prostitutas da cultura ocidental, contudo, é fácil diferenciar quando se vê uma gueixa e uma prostituta e a narradora do livro descreve quais são essas diferenças, sendo umas das principais e mais óbvias a que uma prostituta não passa por toda a preparação e estudo que uma gueixa passa e serve somente para o sexo, já uma gueixa trabalha para entreter os homens dançando e os acompanhando nas casas de chá. O que me surpreendeu foi o fato de que uma gueixa é uma espécie de negócio, uma okiya não adota uma menina que não acha que será uma gueixa de sucesso e se empenha para que assim seja, investindo na formação da aprendiza. Esse investimento é todo debitado da conta da aprendiza que, quando começa a trabalhar, primeiro tem que pagar sua dívida para a okiya para, só depois, começar a ter os lucros para si, embora a okiya continue lucrando com a gueixa.
Ler Memórias de uma gueixa permite ao leitor descobrir o que há por debaixo da maquiagem da gueixa, os sentimentos e as privações a que uma gueixa são submetidas e, principalmente, o fato de que uma gueixa vive em função da sua profissão.

Nós não nos tornamos gueixas para que as nossas vidas sejam agradáveis. Tornamo-nos gueixas porque não temos outra alternativa. (308)

Memórias de uma gueixa é, sem sombra de dúvidas, um livro muito bonito, embora de uma narrativa crua e realística. A narradora conta os pormenores e os segredo da rotina de uma gueixa e tem-se a sensação de que nos deparamos com o diário de alguém e o estamos a ler de tão verossímil que a estória é. O trabalho que o autor fez com esse livro é de uma magnificência que custa acreditar que não se trate de uma história que realmente tenha acontecido, e isso se deve ao fato do profundo estudo do Golden na cultura japonesa, resultando nessa obra prima da literatura americana.
Não posso dizer que tenha sido uma leitura fácil, todavia, não conseguia parar de ler curiosa para saber o destino de Sayuri e ao mesmo tempo maravilhada com um enredo tão diferente de todos os que eu já li. Indico fortemente a leitura desse livro caso você seja um faísca atrasada como eu que ainda não teve a oportunidade de se fascinar com essa estória tão rica culturalmente e artisticamente falando.

GOLDEN, Arthur. Memórias de uma gueixa. Rio de Janeiro: Imago, 1998. 464 p. 


Obs.: essa leitura eu fiz em conjunto para o clube do livro de meu curso, Letras. A minha amiga, Paula, que é colaboradora do blog Eu curto literatura também fez resenha para esse livro, se quiserem conferir, cliquem aqui: resenha da Paula.