Peter Pan de James M. Barrie
18:28
“Todas as crianças crescem, menos uma.” (BARRIE, 2013, p. 11).
Foto: arquivo pessoal |
Peter Pan, o mistério em forma de criança. Ninguém sabe de
onde ele veio ou quem ele é, mas todos o admiram e o respeitam. E quem não? Não
seria invejável poder ser uma criança para sempre? Não precisar trabalhar nem
ter compromissos chatos? A vida seria só diversão.
Peter, o protagonista dessa curiosa história, é arrogante e
faz o que quer. Certo dia, ele entra pela janela da casa dos Darling e leva
seus filhos, Wendy, João e Miguel para a Terra do Nunca, deixando o Sr. e a
Sra. Darling aflitos e inconsoláveis.
Quem nunca ouviu falar da Terra do Nunca? Um lugar
maravilhoso onde as crianças nunca crescem. Pois é lá que Peter mora. Mas será
que essa terra é assim tão maravilhosa? Ao chegar lá, as crianças já enfrentam
um cenário de guerra: os pele-vermelhas perseguem os piratas, que perseguem as
feras que, por sua vez, perseguem os meninos perdidos e assim por diante. Wendy fica
desesperada e a fada Sininho, com ciúmes de Peter Pan, arma uma tocaia e faz com que
os meninos alvejem-na com uma flecha. Quando eles percebem o que fizeram com a
menina que seria a mãe deles e lhes contaria histórias, entram em desespero e
temem o que Peter Pan poderia fazer. Por sorte ela sobrevive e, a partir daí,
passa a tomar conta dos meninos perdidos como uma mãe. O que lhes custa admitir, é que
eles sentem saudade, sim, de ter uma mãe:
“Eles só podiam falar em mães na ausência de Peter, pois ele
proibia o assunto, que considerava muito bobo.” (BARRIE, 2013, p. 85).
Foto: arquivo pessoal |
Mas há uma ameaça que nunca deixa Peter dormir em paz: o
capitão James Gancho! Ele e Peter eram inimigos mortais pois o garoto, certa
feita, arrancou a mão de Gancho e a jogou para um crocodilo comer e, desde
então, o crocodilo passara a seguir Gancho, querendo mais:
“Era um homem de coragem indomável, e dizem que só se assustava
ao ver o próprio sangue, que era grosso e de uma cor diferente. [...] Mas, sem
dúvida, a parte mais aterradora de sua aparência era sua garra de ferro.” (BARRIE,
2013, p. 82).
O ápice da história surge quando Gancho captura Wendy e os
meninos perdidos e Peter tem de salvá-los, propiciando ao leitor as passagens mais
engraçadas, e ao mesmo tempo assustadoras, do enredo:
“Subitamente, Gancho se viu cara a cara com Peter. Os outros
se afastaram e formaram um círculo em torno deles.
Durante um longo tempo, os dois inimigos se olharam. Gancho
tremia levemente, e Peter tinha um estranho sorriso no rosto.
- Então, Pan – disse Gancho afinal. – Tudo isso é culpa sua.”
(BARRIE, 2013, p. 216).Foto: arquivo pessoal |
***
Esse é um livro daqueles clássicos, que todos já ouviram falar e que é referência na cultura até hoje! Como não interpretar essa obra pelo viés da beleza da infância, a magia do faz de conta, mas também, a partir da questão do mundo adulto, já abordada por Exupéry em "O pequeno príncipe"? Peter Pan é um misto de inocência e maldade, infância e maturidade. O mistério da existência de Peter sugere ao leitor uma criatura mítica, que jamais crescerá e perderá seus dentes de leite, uma criatura que povoa a mente não só das crianças, mas também dos adultos que foram tocados pela magia do pó de fadas e da possibilidade de ser criança para sempre.
Peter Pan, pode-se dizer, é o desejo intrínseco que toda criança tem de nunca querer crescer. Peter Pan é o medo do desconhecido, é o medo de amadurecer!
Quem não conhece uma criança - ou já foi essa criança - que dizia "Eu nunca quero me casar!", ou que diante da fatídica pergunta "O que você quer ser quando crescer?" fica sem saber o que dizer!? Peter Pan é um alerta: Deixemos as crianças serem crianças! A infância passa num piscar de olhos.
Me senti tão leve ao ler esse livro, a narrativa é tão fluida, com um vocabulário tão simplificado, que as duzentas e cinquenta e três páginas passaram voando! É gostoso, também, o jeito que o narrador fala diretamente ao leitor:
"Será que eles vão chegar ao quarto das crianças a tempo? Se chegarem vai ser muito bom para eles, e nós todos vamos dar um suspiro de alívio, mas não vai ter história. Por outro lado, se eles não chegarem a tempo, eu prometo solenemente que vai dar tudo certo no fim." (BARRIE, 2013, p. 61).
E os personagens desse livro, o que falar deles? Tão bem construídos e todos muito cativantes a seu modo. O protagonista, Peter, é o mais bem descrito e, apesar de ser arrogante e desajuizado, representa a pureza da criança, que não vê maldade e perigo no mundo, dada a forma como ele encara seu algoz, o Capitão Gancho. Mas quem me chamou atenção, mesmo, foi a babá das crianças: a cadela Naná. Que amor de cãozinho! Sem falar na loucura que era a Sininho que, de tão pequena, só podia ser má ou boa, só cabia uma personalidade de cada vez.
Algo que achei muito interessante foi a dualidade das personalidades de Peter e Gancho que, embora possa-se dizer que são o protagonista e o antagonista, respectivamente, Peter se mostra arrogante e orgulhoso e Gancho, por sua vez, se mostra extremamente polido e sentimental.
Há passagens muito lindas no livro, como quando Peter explica à Wendy como as fadas nascem:
"Sabe, Wendy, quando o primeiro bebê riu pela primeira vez, o riso dele quebrou em milhares de pedaços e todos eles saíram pulando, e esse foi o começo das fadas." (BARRIE, 2013, p. 48).
Lindo, não?
Sem falar nessa edição de bolso de luxo da editora Zahar que já caiu nas graças do público; capa dura, páginas amareladas, diagramação perfeita (sou suspeita para falar dessa editora que é uma das minhas favoritas). Essa proposta, também, de publicar livros clássicos da literatura infantil como Peter Pan, O mágico de Oz, Alice no país das maravilhas e por aí vai, também é algo que me agrada muito nessa editora!
Enfim...
Eu poderia ficar, aqui, falando eternamente sobre Peter Pan, mas receio que você, leitor, já esteja ficando cansado. Para resumir, então, indico fortemente a leitura desse clássico da Literatura infantil, caso você ainda não conheça a magia do pó de fadas e as aventuras de piratas da Terra do Nunca. E não esqueça: ainda há, dentro de você, um lado criança que enxerga a beleza e o lado divertido das coisas, não o deixe morrer!
Beijinhos, Hel.
BARRIE, James M. Peter Pan. 1ª ed. Rio de Janeiro: Zahar. 2013, 253 p. Tradução de: Julia Romeu.
Peter Pan, pode-se dizer, é o desejo intrínseco que toda criança tem de nunca querer crescer. Peter Pan é o medo do desconhecido, é o medo de amadurecer!
Quem não conhece uma criança - ou já foi essa criança - que dizia "Eu nunca quero me casar!", ou que diante da fatídica pergunta "O que você quer ser quando crescer?" fica sem saber o que dizer!? Peter Pan é um alerta: Deixemos as crianças serem crianças! A infância passa num piscar de olhos.
Me senti tão leve ao ler esse livro, a narrativa é tão fluida, com um vocabulário tão simplificado, que as duzentas e cinquenta e três páginas passaram voando! É gostoso, também, o jeito que o narrador fala diretamente ao leitor:
"Será que eles vão chegar ao quarto das crianças a tempo? Se chegarem vai ser muito bom para eles, e nós todos vamos dar um suspiro de alívio, mas não vai ter história. Por outro lado, se eles não chegarem a tempo, eu prometo solenemente que vai dar tudo certo no fim." (BARRIE, 2013, p. 61).
E os personagens desse livro, o que falar deles? Tão bem construídos e todos muito cativantes a seu modo. O protagonista, Peter, é o mais bem descrito e, apesar de ser arrogante e desajuizado, representa a pureza da criança, que não vê maldade e perigo no mundo, dada a forma como ele encara seu algoz, o Capitão Gancho. Mas quem me chamou atenção, mesmo, foi a babá das crianças: a cadela Naná. Que amor de cãozinho! Sem falar na loucura que era a Sininho que, de tão pequena, só podia ser má ou boa, só cabia uma personalidade de cada vez.
Algo que achei muito interessante foi a dualidade das personalidades de Peter e Gancho que, embora possa-se dizer que são o protagonista e o antagonista, respectivamente, Peter se mostra arrogante e orgulhoso e Gancho, por sua vez, se mostra extremamente polido e sentimental.
Há passagens muito lindas no livro, como quando Peter explica à Wendy como as fadas nascem:
"Sabe, Wendy, quando o primeiro bebê riu pela primeira vez, o riso dele quebrou em milhares de pedaços e todos eles saíram pulando, e esse foi o começo das fadas." (BARRIE, 2013, p. 48).
Lindo, não?
Sem falar nessa edição de bolso de luxo da editora Zahar que já caiu nas graças do público; capa dura, páginas amareladas, diagramação perfeita (sou suspeita para falar dessa editora que é uma das minhas favoritas). Essa proposta, também, de publicar livros clássicos da literatura infantil como Peter Pan, O mágico de Oz, Alice no país das maravilhas e por aí vai, também é algo que me agrada muito nessa editora!
Enfim...
Eu poderia ficar, aqui, falando eternamente sobre Peter Pan, mas receio que você, leitor, já esteja ficando cansado. Para resumir, então, indico fortemente a leitura desse clássico da Literatura infantil, caso você ainda não conheça a magia do pó de fadas e as aventuras de piratas da Terra do Nunca. E não esqueça: ainda há, dentro de você, um lado criança que enxerga a beleza e o lado divertido das coisas, não o deixe morrer!
Beijinhos, Hel.
BARRIE, James M. Peter Pan. 1ª ed. Rio de Janeiro: Zahar. 2013, 253 p. Tradução de: Julia Romeu.
19 comentários
Ótima resenha! *-*
ResponderExcluirDe fato, é um livro incrível. Se eu já não tivesse lido, iria lê-lo. xD
Acho que, apesar de ter esse lado do medo do desconhecido, de algum modo encarei o livro como uma forma de dizer às crianças para que não tenham medo de crescer. Não sei se li isso equivocadamente... =\
Enfim, novamente, adorei a resenha~ ^^
Olá, Paula. Muito obrigada!
ExcluirEu acho que o personagem do Peter representa o medo de crescer, mas a obra em si passa a mensagem para as crianças não terem medo de crescer. A sua interpretação não está equivocada não!
^^
Esse livro é lindo..
ResponderExcluirAdorei sua resenha, me deu vontade de ler o livro de novo.. ❤️
Oi, Fla!
ExcluirÉ um livro muito lindo mesmo, tanto esteticamente quanto pelo conteúdo da obra...
Quando eu estiver bem velhinha quero relê-lo ^^
Beijos!
Que graça de resenha!!! Sou super fã desses clássicos e fiquei com vontade de ler este livro, pois adoro Peter Pan! Pelo que você falou nesse post, o livro consegue transmitir bem toda a magia dessa estória!
ResponderExcluirJá vai para a minha lista de desejados!
Beijos
http://www.blogleituravirtual.com/
Olá, Marina. Muito obrigada ^^
ExcluirO enredo é muito mágico mesmo, por mais que tenha cenas de luta e tensão, o clima é muito leve e divertido!
Leia, sim. Depois me conta o que achou :)
Beijos!
Olá!
ResponderExcluirEsse livro é lindo como um todo: a história é bem mágica e encantadora e a capa é linda demais.
Parabéns pela resenha.
Beijão
Leitora Cretina
Olá!
ExcluirEssa capa já diz tudo sobre o enredo: mágico e encantador (se me permite roubar suas palavras ^^)
Obrigada, querida.
Primeiramente: que fotos maravilhosas! Que resenha incrível! Eu confesso que queria ler este livro apenas pela edição da Zahar. Mas depois de ler sua resenha, entrou para a lista dos desejados! Achava que seria "bobinho" e infantil, mas pelo visto não é nada disso! Estou assustada com o Peter Pan! Eu vi o filme mas não me lembro muito bem dele, então não sabia deste lado arrogante e orgulhoso. Parece ser sensacional. Lerei, com certeza!
ResponderExcluirBeijos!
http://virtualcheckin.blogspot.com
Olá, Lívia!
ExcluirObrigada, não tem nada de infantil não, Peter Pan é um livro que um adulto pode ler tranquilamente. O Peter tem um temperamento muito forte mesmo, mas é um dos personagens mais cativantes justamente por isso!
Leia, sim!
Beijos!
Ai eu morro com a Zahar e essas edições maravilhosas dela. Quero ler tudo que ela publica. Amei essa resenha e to aqui suspirando por esse livro ja hahaha
ResponderExcluir>> Vida Complicada <<
Oi, Camila! A Zahar arrasa, né? Eu já tenho uma pequena coleção dos clássicos da Literatura infantil aqui em casa, só falta o da Alice!
ExcluirBeijos!
Olá, Thalita!
ResponderExcluirObrigada, essa citação é muito linda!
Beijos!
Peter Pan é, sem dúvidas, meu clássico infantil favorito, eu tenho um amor tão grande nesse livro, nessa história, enfim, no conjunto da obra <3
ResponderExcluirÓtima resenha, de verdade, parabéns! (Maravilhosas as fotos!!!)
Estou seguindo e amando o blog <3
Beijos.
Tenho um blog no qual falo sobre filmes, series e cultura no geral. Se puder dar uma conferida ficarei muito grata: http://cineleva.blogspot.com/ :)
Olá, Willma!
ExcluirQue bom que você gostou da resenha, vindo de uma fã como você isso me soa como um grande elogio ^^
Obrigada por seguir, querida!
Vou conferir teu blog :)
Beijos!
Ah esses livros da Zahar ❤❤❤. Já assistiu Finding Neverland com o Deep??? E um filme maravilhoso 😊
ResponderExcluirNão conheço esse filme, Bibbi! Mas vou dar uma pesquisada sobre ;)
ExcluirBjs!
Sempre gostei do desenho,agora quero ler o livro <3. Fiquei super curiosa. Amei a resenha!
ResponderExcluirwww.estherlopes.com.br
Oi, Esther!
ExcluirAcredita que eu nunca assisti a nenhum filme do Peter Pan?
Leia sim!
^^
Deixe um comentário! Eu vou adorar saber a sua opinião e com muito prazer te responderei :)