As gêmeas do gelo - S.K. Tremayne

09:00

"Se você consultar o que diz a literatura a respeito de gêmeos de luto, encontrará muitos exemplos. Quando um gêmeo morre, o outro assume as suas características, tornando-se mais parecido com o irmão que morreu."

Foto: arquivo pessoal

Um casal abalado e em crise; uma de suas filhas gêmeas morreu em um acidente trágico. Esse é o pano de fundo de As gêmeas do gelo, um livro repleto de suspense e segredos.

Kirstie é uma menina extrovertida e alegre, assim como Angus, seu pai. Lydia é calada e gosta de ler, assim como Sarah, sua mãe. Cada um tinha sua gêmea preferida, ainda que não declarassem isso. Mas as gêmeas sabiam. Quando Lydia cai da sacada da casa dos avós, Kirstie fica sozinha no mundo, e todos sabemos da ligação que irmãos gêmeos têm. A partir daí, a família se desestrutura e, para mudar de ares, decidem ir morar na ilha Eilean Torran, que foi deixada de herança para Angus. Assim, eles abandonam suas vidas na Inglaterra e partem para a Escócia, ansiando recomeçarem suas vidas em um outro lugar. Contudo, a irmã gêmea sobrevivente, Kirstie, começa a dizer que ela na verdade é Lydia, e que os pais se confundiram, ou seja, enterraram a gêmea errada. A partir dessa revelação, Sarah fica desnorteada, se questionando que tipo de mãe é a ponto de não saber diferenciar uma filha da outra; elas eram gêmeas univitelinas, mesmo DNA, eram uma só, praticamente, e desde a infância vinham sendo vestidas de modo que os pais pudessem reconhecer quem era Lydia e quem era Kirstie. Porém, na época do acidente, as gêmeas cismaram em querer se vestir igual, e a única prova que Sarah e Angus tinham de que fora Lydia quem caiu da sacada foi o grito de Kirstie. Mas Kirstie, agora, nega isso afirmando que havia se confundido. E agora?

"Por que você continua me chamando de Kirstie, mamãe? Kirstie está morta. Quem morreu foi a Kirstie. Eu sou Lydia."

Para complicar ainda mais a situação, a casa e a ilha são lugares assustadores, que despertam sensações estranhas em Sarah, Angus e Kirstie (ou Lydia?). A confusão com a identidade da gêmea e a solidão provocada pelo lugar em que estão piora ainda mais o relacionamento do casal, que descobrimos ser permeado de mentiras e traições.

"Acho que sou Lydia, mas às vezes Kirstie está dentro de mim e ela quer sair, e às vezes Kirstie está nas janelas e às vezes ela só está aqui, bem aqui, conosco."

***

As gêmeas do gelo foi um livro que me chamou a atenção pelo enredo: gêmeas. A premissa do livro me interessou e confesso que a alta expectativa que criei atrapalhou a minha leitura. Achei a escrita arrastada, muito descritiva em momentos que poderiam ser retirados e que não atrapalhariam em nada o desenvolvimento da estória. Contudo, o modo como o autor explorou o terror psicológico e o suspense foi muito bom! Em alguns momentos fiquei com muito medo, principalmente pelo ambiente da narrativa, a ilha, e pela temática tão misteriosa das gêmeas, a dúvida, a tortura, isso causou em mim uma tal curiosidade que mesmo não curtindo tanto a escrita me vi obrigada a ler até a última página para descobrir como tudo ia acabar!
Os personagens são relativamente bem escritos, embora eu não tenha me identificado com nenhum deles e tenha achado a mãe, Sarah, pouco convincente. Em alguns momentos ela fala coisas que mulher nenhuma falaria ou pensaria, e isso ficava me lembrando o tempo todo que estava lendo um livro escrito por um homem que escreveu uma personagem feminina.
Os capítulos são narrados em terceira pessoa onisciente, mas o diferencial é que em alguns o foco é Sarah e em outros o foco é Angus. Nesses capítulos de ponto de vista, ficamos sabendo sobre o relacionamento do casal e descobrimos pouco a pouco um pedacinho a mais do quebra-cabeça de As gêmeas do gelo.

O livro é repleto de fotografias, que ajudam na hora de se situar na narrativa e dão um tom assustador à estória.
Elementos como o sobrenatural, relações familiares, traição e amizade são abordados nesse livro, além do bullying, que aflige a filha do casal na escola.
É um bom romance de suspense, indico para quem curte o gênero e quer um enredo diferente. Talvez eu não tenha gostado porque esse não é o meu gênero literário preferido, e isso não significa que você, leitor, não irá gostar também ;)

Beijinhos, Hel.

TREMAYNE. S. K.. As gêmeas do gelo. 1ª ed. Rio de Janeiro: Betrand Brasil, 2016. 365 p. Tradução de Verônica Radulescu.

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18 comentários

  1. Oi, Hel! Ontem mesmo li uma resenha sobre esse livro. Me interessei porque parece explorar um pouco o lado psicológico dos personagens. Também fiquei intrigada pelo mistério das gêmeas e bem animada pela ambientação. Não sabia que o livro tem fotos, com certeza ajuda bastante a imaginar tudo. Pena que não curtiu tanto a leitura.

    Beijos, Entre Aspas

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    1. Oi, Carla.
      O lado sentimental e psicológico é bem abordado sim, toda a questão do luto e do trauma é muito bem explorada tanto no pai quanto na mãe. A irmã gêmea sobrevivente é que não ganha muito destaque e isso me incomodou um pouco, mas talvez isso faça parte do mistério todo :)

      As fotos dão um tom bem lúgubre à narrativa, compõe bem a estória, ponto positivo para o livro!

      Beijos!

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  2. Gente :o será que enterraram a irmã errada ou a que ficou viva enlouqueceu por conta da morte da irmã? Agora fiquei curiosa para saber.

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    1. Só lendo para saber, Tai ;) Mas confesso que eu nunca sabia se a irmã sobrevivente tinha enlouquecido ou se os pais haviam confundido, só fui saber nos últimos capítulos, um mistério bem construído.

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  3. Olá Helena :)
    Eu curto muito esse gênero, vou add na minha lista de leituras... bem intrigante e instigante o enredo, e a ambientação! Gostei muito da resenha, me despertou interesse! Bjos!...

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    1. Olá, Gustavo. Se você gosta de suspense eu indico sim. A narrativa é muito misteriosa, nunca dá para saber quem está louco: a mãe ou a filha.

      Bjs!

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  4. Amei!!!! Fiquei completamente instigada. Parabéns pelo texto! :)

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    1. Olá, Thicianne. Que bom que você amou. Muito obrigada.

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  5. Como você também não sou amadora de terror e suspense. Se leio livros assim fico o tempo todo de coração acelerado e esperando o próximo ápice, é realmente perturbador. Entretanto, concordo que a temática é interessante. Bjos.

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    1. Eu não sabia que não curtia, mas conforme fui aumentando minha bagagem de leituras, fui percebendo que esse é um gênero que não me prende tanto, são livros que acabam caindo no meu esquecimento e não são tão marcantes para mim. A temática não tinha como ser abordada em outro gênero, eu acredito que só um suspense daria conta.

      Bjs!

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  6. Olá Hel!
    Apesar de você ter mencionado alguns pontos meio cansativos, acho que este é um livro que eu gostaria muito pelo tema que ele aborda! Adoro livros com mistérios e terror psicológico haha
    Com certeza vou procurar por ele!
    Beijos
    http://www.blogleituravirtual.com/

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    1. Oi, Marina, que legal você curtir esse gênero, boa leitura!

      Bjs!

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  7. Hel, esse livro pareceu incrível pelo enredo. Confesso que mesmo você não tendo gostado da escrita e pela falta de verossimilhança da mãe eu continuei curiosa para saber a resolução do mistério. Amei sua resenha! Beijos pra você e para o Lionel!
    http://virtualcheckin.blogspot.com

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    1. Oi, Lívia ♥

      Que bom que eu consegui passar a ideia central do livro e que tenha atraído a atenção de você e de algumas pessoas nos comentários acima :)

      Beijos para você e para a Srta. Laila.

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  8. Já bateu um arrependimentozinho de leve por não ter escolhido esse livro na parceria. Quando li a sinopse não havia entendido de fato a proposta da obra, algo que aconteceu agora, e nossa...
    É o tipo de enredo que, mesmo que não tenha uma história mediana no prende pela curiosidade. Acho que foi uma sensação semelhante lendo "Não Queira Saber".
    Enfim, gostei muito de sua resenha, me convenceu a ler!

    Visite: Cantina do Livro

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    1. Oi, Carlos.
      Eu também fiquei bem curiosa com o desfecho, apesar de achar a narrativa mediana, foi esse o motivo de eu devorar o livro até o final.
      Eu não pedi o "Não queira saber", mas fiquei com vontade.

      Que bom que você gostou, :D

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  9. Fiquei com a impressão de que o desfecho não é nada sobrenatural e sim dramático envolvendo o luto dos envolvidos. E se é assim, eu não gostaria hahahaha

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    1. Carol, o sobrenatural da narrativa na verdade é uma questão mais de psicológico do que de a narrativa ser de fato fantástica, ou seja, os personagens "acham" que estão vendo coisas, mas na verdade é a mente perturbada deles que está colocando coisas.

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