Garotas de vestido branco - Jennifer Close

11:00

"Todas sabiam que deviam se sentir diferentes naquela vida nova, mas sentiam-se as mesmas de sempre e isso as deixava no limite." (p. 37)


Quando escolhi este livro para ler, esperava dele muitas coisas. Não posso dizer que o livro não cumpriu o que promete, mas também não posso dizer que terminei a leitura apaixonada pela narrativa e pela escrita de Jennifer Close. A verdade é que o enredo de Garotas de vestido branco me chamou a atenção pelo fato de abordar temas que eu tenho vivenciado nos últimos anos: a escolha da profissão, morar sozinha, amizades que vem e que vão, começos e términos de namoro...
Quem nunca teve dúvidas sobre a faculdade que escolheria? Quem nunca soube que aquele crush era o cara errado, mas mesmo assim continuou insistindo? Quem nunca passou por dificuldades financeiras no início da vida adulta? Acho que uma hora ou outra passaremos por algumas dessas situações em nossas vidas.

Lauren, Isabella e Mary são as protagonistas da estória. O leitor acompanha a vida delas desde a faculdade até os trinta anos, mais ou menos. Não há um enredo fixo, só a vida delas que se desenrola. Percebi que há um foco maior em Isabella, pois a narrativa começa e termina com capítulos sobre ela. A narração é em 3ª pessoa, diga-se de passagem.

"Isabella fazia um pedido para JonBenét sempre que jogava moedas em algum chafariz, quando soprava cílios e quando o relógio mostrava 11h11. Pedia que ela estivesse casada. Pedia que tivesse um casamento lindo. Pedia que fosse feliz." (p. 61)

Um dos arcos da estória é a vida amorosa das personagens. Na verdade, o foco do livro todo é a vida amorosa. Em alguns poucos momentos nos deparamos com questões que fogem desse tema, que é o caso da vida profissional de Lauren, que não vai nada bem ou da Abby que tem vergonha do modo de vida dos pais hippies. Mas, no geral, temos um bando de mulheres preocupadas com o fato de as amigas estarem casando e elas não, odiando tudo o que envolve casamentos, chás de panelas e bebês, no que parece ser o mais puro recalque.
Vocês podem estar achando que eu odiei o livro diante do que expus até aqui. O que acontece é que esse livro me deixou desconcertada, pois, por mais que eu tenha terminado a leitura sem sentir nada em relação às personagens, não posso negar que tudo que li é muito verdadeiro. Me identifiquei com muitos dos acontecimentos da vida delas: os chás de panelas chatos e constrangedores, os encontros com caras que, à primeira vista pareciam príncipes, mas que depois de alguns drinques ou alguns encontros embaraçosos se mostram verdadeiros babacas, a dúvida se a profissão que escolheu é a certa, se a pessoa com quem estamos é a que passaremos o resto de nossas vidas ou se realmente somos valorizadas em nossos empregos.

"Nova York fazia Abby feliz. E achava que isso acontecia porque ela não era nem de longe a pessoa mais estranha ali. Cada dia que passava na cidade a fazia relaxar um pouco mais, e logo ela parou de olhar em volta e se perguntar o que as pessoas achavam dela. Saía do apartamento sem se olhar no espelho cem vezes, e, quando tropeçava na rua, nem ficava constrangida." (p. 68)

Enfim, este é um livro sobre mulheres para mulheres. Um enredo que já deve ter sido abordado em muitos filmes ou séries da mesma forma superficial com a qual foi abordada aqui. Ou seja, nenhuma novidade. 
Apesar dos pesares, achei a edição muito bonita, a capa e tudo o mais. Falando em edição, não posso deixar de comentar os erros de revisão, só eu contei oito. OITO. Além disso, as muitas personagens me deixaram confusa, pois por mais que tenhamos o foco em três, muitas outras vão sendo adicionadas ao longo do livro e também ganham capítulos de ponto de vista. Chegou a um ponto em que eu não sabia quem era a personagem em questão. Muito confuso.

Apesar disso tudo, eu recomendo esse livro para quem gosta de romances do tipo chick-lit, na verdade não sei se nesse caso se encaixa nessa categoria já que a atmosfera do livro é um pouco pesada, sempre imaginei que chick-lits seriam mais "bobinhos", divertidos, e esse livro em questão se mostrou bem sério em alguns momentos. Desculpem minha ignorância em relação aos novos gêneros literários, em algum momento da minha vida eu me engalhei nos clássicos e não consigo mais me desvencilhar.

"Não foi para isso que Lauren fez faculdade. Não era onde deveria estar. Aqueles não eram o tipo de pessoas que devia ter por perto." (p. 112)

Um último comentário que quero fazer, e que acredito ser importante, é o fato de Garotas de vestido branco ser a "estreia literária" da autora, como diz o comentário da capa desta edição. Criei bastante expectativa ao ler esse comentário e, principalmente, depois de ler a orelha do livro e me deparar com o fato de a autora ser Mestre em escrita criativa, uau! Mesmo tendo achado que o livro não está nem perto de ser uma "perfeita estreia literária", acho que ela tem talento pro ramo, sim, só precisa melhorar um pouco o enredo, já que as personagens, a meu ver, são bem construídas, por mais que eu não tenha morrido de amores por elas.

Beijinhos, Hel.

CLOSE, Jennifer. Garotas de vestido branco. (Tradução de Camila Mello). Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2016. 280 p.

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10 comentários

  1. Olá.
    Desde que vi o lançamento já me interessei, além de ter uma capa super bonita. Gostei da sua sinceridade sobre o livro e me deixou um pouco mais curiosa para a leitura.

    Beijos. | * Blog PS Amo Leitura *

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    1. Olá, admiro você ainda querer ler, mesmo depois de eu ter apontado alguns defeitinhos. Enfim, boa leitura!
      Bjs

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  2. Oiii

    Apesar de eu ter achado os assuntos abordados legais, ultimamente eu tenho enjoado muito rápido desses livros rasos que tentam ser reflexivos, mas acabam dando mais do mesmo..
    O que é uma pena, porque pelo o que você disse são mesmo sentimentos que muitas mulheres ainda tem..

    Beijos

    www.ooutroladodaraposa.com.br

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    1. Oi, Rai!
      É uma pena que um livro com temas tão interessantes seja tão "mais do mesmo", permita-me usar tuas palavras. O que faltou mesmo nesse livro foi um acontecimento mais impactante, algo que fizesse o livro valer a pena, mas, do contrário, terminei a leitura sem nada de legal para recomendar, sem nenhum ponto do livro que eu possa dizer que fez a leitura valer o tempo que gastei na leitura.
      :(
      Beijos

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  3. Olá!
    Sabe, não sei porque, mas olhar essa capa antes de conhecer a história me parecia que teria algo meio dramático ou algo do tipo por causa das unhas escuras. Um contraste grande com o branco e o coração vermelho, a meu ver. Sei lá, quem sabe não era algo diferente?
    Enfim, é uma pena que o livro seja assim, insosso. Não me agradam. =\
    E ela é Mestre em Escrita Criativa! =o
    Isso é um tantinho surpreendente e que já me faria colocar expectativas altas na narrativa. O que será que eles aprendem nesse curso de Escrita Criativa?
    Realmente me pergunto o nível desse tipo de curso...
    Enfim, parabéns pela sinceridade. ^^

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    1. Oi, Paula!
      Então, sobre a capa, posso dizer que ela simplesmente não diz nada sobre a estória do livro, nadinha. Pensei até que seria um livro mais romântico ou algo do tipo.

      Acho que esse adjetivo combina perfeitamente com o livro, ele é insosso: não é desagradável, mas também não é um livro bom. E eu sinceramente não gosto de livros assim, o livro precisa ter um diferencial para eu gostar. Não sei se a autora se sentiu insegura ao arriscar no enredo, mas senti que faltou um algo a mais que ela poderia ter inserido.
      Enfim...

      Obrigada pelo comentário e pela visita :)

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  4. Oi, Hel!
    A sua resenha reforçou a minha impressão de que eu não gostaria de ler esse livro.
    Gosto e acredito muito nos seus apontamentos. Quase sempre procuro algo num livro que o diferencie dos demais, aparentemente o livro em questão aborda um assunto que já é bastante comentado, como você colocou, um assunto que aparece em muitos filmes e séries.
    E sobre a autora ser "mestre em escrita criativa", sabe-se lá o que a pessoa que escreveu isso costuma ler, deve ter alguma razão, haha.
    Enfim, parabéns pela resenha muito bem escrita e pela opinião sincera, aprecio muito isso nas suas resenhas.
    Um beijo!
    Historiar

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    1. Oi, Thami!
      Foi isso mesmo que senti falta no livro: um diferencial, algo que fizesse a leitura ser uma experiência diferente, porque se eu posso ver estórias desse tipo em séries e filmes, porque eu vou ler em um livro? Durante a leitura eu sentia que aquele enredo funcionaria muito bem em uma série, enfim...

      Também penso qual o propósito que a autora tinha ao escrever esse livro, parece que ela começou a escrever sem saber que final daria à estória e só foi empurrando, depois finalizou o livro de qualquer jeito.

      Obrigada por acompanhar minhas resenhas e por apreciar minha sinceridade.
      Beijão.

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  5. Oláá Hell,
    Nossa fiquei apaixonada pela capa e sinopse desse livro (aliás.. que foto mais linda).
    Lendo sua resenha fiquei um pouquinho desanimada, mas mesmo assim quero ler o livro haha
    Parabéns pela sinceridade!
    Bjoos

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  6. Olá Hel! Já tive momentos de ler histórias mais focadas na mulher e sua rotina, mas isto foi há alguns anos. Hoje não animaria a ler este livro, ele não tem um diferencial. E fiquei feliz por você ter sido tão sincera em sua opinião, isso nos dá confiança ao ler suas resenhas. Abraço!

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