É muito bom encontrarmos, nos livros, elementos que nos agradam. Por exemplo, quando eu lia A elegância do ouriço, gostei muito do livro por ele, primeiramente, ser muito bem escrito e suscitar reflexões interessantíssimas, mas, também, por falar sobre livros, gramática e gatos.
Gatos são criaturinhas fofas que, à primeira vista, podem parecer hostis e insensíveis, mas que, conforme você convive com eles, percebe que são cheios de amor e carinho para dar. Porém, mesmo que você tenha um gato como animal de estimação, ainda parece que eles são um mistério.
O gato, muitas vezes, na literatura e no cinema, passa uma imagem enigmática e não raro é representado como um ser retraído, inalcançável e místico.
Um dos exemplos de gato misterioso é o da estória Coraline, do Neil Gaiman. Enquanto os outros personagens existem separadamente em ambos os mundos, sendo pessoas diferentes em cada um, o gato consegue transitar entre um lugar e outro inexplicavelmente (aliás, existem algumas teorias bem interessantes sobre o universo de Coraline na internet, recomendo que pesquisem sobre). Além disso, ele ajuda Coraline a se livrar da "outra mãe".
“— Por favor, qual é o seu nome? — perguntou ao gato. — Olha, sou Coraline. Tá?[...]— Gatos não têm nomes — disse.— Não? — perguntou Coraline.— Não — respondeu o gato. — Agora, vocês pessoas têm nomes. Isso é porque vocês não sabem quem vocês são. Nós sabemos quem somos, portanto não precisamos de nomes.” (Gaiman, 2003, p. 52).
Alice no país das maravilhas tem um dos personagens gatos mais icônicos da literatura, o Cheshire cat, ou gato que ri. Também encontra-se muitas semelhanças entre esse livro e Coraline e, acredito, que o próprio Neil Gaiman tenha se inspirado na história de Lewis Carroll, já que os dois gatos são igualmente sagazes e enigmáticos, aparecendo e reaparecendo durante a história.
Um gato de rua chamado Bob é uma história baseada em fatos reais, portanto, diferente das citadas anteriormente. Mas o Bob é tão fofo e os truques que ele faz tão perspicazes, que é inacreditável! Essa estória vai nos mostrar o poder que o amor de um animalzinho de estimação pode exercer em nossas vidas, já que o Bob praticamente salva seu dono, o James. James foi por muito tempo viciado em drogas e precisa rever seus hábitos depois que adota Bob. Ou seja, ele precisa ser mais responsável, já que, então, teria uma vida sob sua proteção. Quando James encontra Bob no corredor de seu apartamento, magro e debilitado, não imaginava que dali surgiria uma linda e verdadeira amizade. E, assim, um salva a vida do outro.
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Me emocionei demais lendo a história do James e de como o Bob só trouxe coisas maravilhosas para a vida dele. |
BÔNUS
Cansei de ser gato: do capim ao sachê. Quem é gateiro com certeza conhece o Chico e sua família felina. São os gatos mais famosos do Brasil, sério, vocês precisam conhecer. Eles têm redes sociais e tudo, e esse livro de fotografias e entrevistas (sim, entrevistas) é a coisa mais hilária e fofa que vocês vão ler:
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O Chico é muito versátil. |
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E tem uma vida muito atribulada. Porém, em algum momento precisa de um descanso pra tanta beleza. |
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É ídolo teen e capa de revista. |
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Mas nunca deixou de ser um gato "gente como a gente". |
Essa edição foi lançada pela Intrínseca e tem muitas fotos engraçadas, um ótimo trabalho gráfico e de edição. Claro que uma gateira como eu precisava de uma cópia e gostei muito quando a Paula, do blog Caçando Ouriços me presenteou com a história da vida do Chico. Às vezes, quando eu quero me distrair e dar umas boas risadas, é sempre uma boa ideia folhear este livro.
Beijinhos,
Hel.
Referências:
BOWEN, James. Um gato de rua chamado Bob. Tradução de Ronaldo Luís da Silva. 1ª ed. São Paulo: Novo Conceito, 2013. 236 p.
CARROLL, Lewis. Alice no país das maravilhas. 2ª ed. Sol. Tradução, introdução e notas de Isabel De Lorenzo. Tradução dos poemas de Nelson Ascher. Ilustrações de John Tenniel. 152 p.
GAIMAN, Neil. Coraline. Rocco jovens leitores. 155 p. Ilustrações de Dave Mackean.
NORI, Amanda; GUIMARÃES, Stéfany. Cansei de ser gato: do capim ao sachê. 1ª ed. Rio de Janeiro: Intrínseca, 2015. 160 p.
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