Resenha: “Marianas: a civilização dos sonhos” de E. Chérri Filho

21:10


“Tudo o que fazemos por amor está acima do bem e do mal.”


Foto: arquivo pessoal

O ser humano sempre teve medo do desconhecido. Fato. Mas para Jeremy, o protagonista dessa história, o desconhecido sempre foi o que ele buscou durante toda a sua vida de pesquisas no fundo do mar. Jeremy amava o mar e tudo que se relacionava a ele, o oceano era a sua vida e, financiado por um amigo, ele empreendeu uma jornada em busca de uma civilização em que só ele acreditava existir: a cidade perdida de Atlântida.

“A lenda da Atlântida perdida tem fascinado a humanidade ao longo do milênio. Colombo procurou a Atlântida e descobriu as Américas. Os britânicos investigaram os Açores e os nazistas passaram o pente fino na costa da Noruega em busca de pistas. E a demanda pela verdade continua nos tempos modernos.” (CHERRI, 2015, s/p*).

Jeremy acredita piamente que haja essa civilização a qual ele chama “civilização dos sonhos” cujos habitantes são seres metade humanos e metade peixes, como as sereias mitológicas. Certo dia, quando estava pesquisando nas Ilhas Marianas, ele resolve mergulhar e sente “alguém” tocar em sua face. Inebriado de emoção, ele resolve descer com o submarino para averiguar o que foi que tocou nele, ele sai do submarino ao perceber um ser se movimentando muito rapidamente, mas se esquece de colocar o equipamento de mergulho corretamente. É então que sua vida muda drasticamente:

“O que estava diante de si era inenarrável. Uma fêmea metade humana, metade peixe. Como era possível? Um toque, o mesmo toque que recebera enquanto mergulhava nas ilhas pela primeira vez.” (CHÉRRI, 2015, s/p*).

Ele desmaia e é salvo pela sereia que o tocou. Quando acorda, não pode acreditar no que vê: a civilização dos sonhos! A cidade com que sempre sonhara conhecer! Sem ainda poder acreditar em tudo o que estava acontecendo, a sereia fala com ele:

“ – Olá! Sou Licia, uma ariata azul. Você tem um nome?
Jeremy não consegue responder. [...] Uma linda espécie estava em pé ao seu lado. A face, cabeça, ombros e braços assemelhavam-se aos de um ser humano, mas as extremidades inferiores tinham a aparência de um peixe.” (CHÉRRI, 2015, s/p*).

Foto: arquivo pessoal

Aos poucos, Licia mostra toda a cidade para Jeremy. Sua civilização é conhecida como os “ariatas” e são divididos em ariatas azuis e ariatas vermelhos. Ambos vivem sob um tratado de paz, desde que um não invada o território do outro. Os ariatas azuis vivem em paz e harmonia e pregam o amor ao próximo, já os ariatas vermelhos têm um líder muito maldoso, Zorguin, que sempre fora apaixonado por Licia, que é uma jovem líder dos ariatas azuis, mas nunca foi correspondido por ela. Além disso, Zorguin sempre teve um ódio e sede de poder jamais visto em nenhum ariata, ele almeja dominar todo o oceano e para isso não medirá as consequências.

Com a chegada de Jeremy, a situação dos ariatas complica, já que um humano nunca tinha entrado em contato com a civilização deles, assim, eles precisam tomar uma importante decisão: ou confiam em Jeremy que ele não vai contar sobre o que descobriu e o devolvem para a superfície; ou ele continua vivendo com os ariatas. Jeremy, por sua vez, suplica que os ariatas o deixem viver ali:

“Tudo o que sempre sonhei está aqui diante dos meus olhos. Sempre me senti inadequado [...] insatisfeito, imcompleto. Procurei tantas vezes me sentir inteiro. [...] Por favor! Prefiro um dia apenas aqui com vocês que mil anos vivendo o que eu vivi até chegar aqui. Não tirem isso de mim!” (CHÉRRI, 2015, s/p*).

Licia, ao perceber o quanto Jeremy fora sincero e apaixonado em suas palavras, sente algo diferente, ela também queria que ele ficasse ali. É claro que eles se apaixonam, o amor de Licia e Jeremy estava escrito nas estrelas, era para acontecer. Licia salvara a vida dele e ela sempre foi o que ele sonhara!

Contudo...

Quando Zorguin descobre que os ariatas azuis estão acobertando um ser humano, um plano maligno surge em sua cabeça. A partir daí, a paz e harmonia iriam abandonar a vida de Licia e seus companheiros da cidade dos ariatas azuis.
Será que no final, o bem e o amor vencerão?

***

Muito mais que a história de amor entre um homem e uma sereia, eu diria que este livro é uma história de amor ao próximo, quer este próximo seja humano ou não. A história deste livro nos mostra que o que fazemos em nome do amor é sempre o mais importante, não importa o quanto pareça insensato, às vezes. A personagem Licia, muitas vezes me deixou irritada pela sua imprudência, mas só depois que percebi que quando é preciso salvar quem amamos, não nos importamos com o perigo que nos cerca.
A narrativa desse livro, apesar de ter muitos momentos de tensão e luta, me deu uma sensação de leveza, principalmente com o desfecho que me surpreendeu. Os personagens são muito bem descritos e o enredo conseguiu me prender do início ao fim, nunca tendo momentos em que a leitura se tornou cansativa. Acredito que as cenas de batalha deveriam ter sido melhor descritas, um pouco mais detalhadas, mas de forma alguma isso interferiu na compreensão do texto.
Uma temática que o livro trouxe e que achei muito interessante foi a questão de como o ser humano lida com o desconhecido e o novo, já que os ariatas temeram que Jeremy ficasse tentado a contar ao mundo sua descoberta em troca de fama e dinheiro. Isso é algo que permeia demais nossa atual sociedade, esse egoísmo. As pessoas, cada vez mais só se importam com seu bem estar e cada vez menos se importam com o próximo.

Recomendo fortemente a leitura desse livro: contém romance, contém ação e reflexão, é um livro completo a meu ver e que irá agradar à maioria dos leitores.

Foto: arquivo pessoal


Beijinhos, Hel.

FILHO, E. Chérri. Marianas: a civilização dos sonhos. 1ª ed. São Paulo: Ed. Giostri. 2015, 260 p.


*As citações estão sem número de página pois o livro não contém paginação.

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6 comentários

  1. Olá! Pela resenha, fiquei lembrando de "A pequena sereia", até porque ela, "Ariel" (ou qualquer outro nome que ela tenha ganhado), também é imprudente e se apaixona por um humano.
    Pela história, e pela reflexão que traz, parece interessante, boa resenha. ^^

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    1. Olá, Paula!
      Realmente tem essa semelhança, contudo, a família de Licia aceita o relacionamento dela com o humano! ^^

      Obrigada pelo comentário :)

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  2. Estava esperando pela resenha desse livro! Ótima resenha, Helena. Me interessei bastante pela história, principalmente porque nunca li nenhum livro sobre sereias. Adorei. Será que encontro fácil o livro para comprar?

    Beijos!

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    1. Oi, Júlia, muito obrigada. Se você quiser o livro eu posso te emprestar quando as aulas voltarem ;) Mas se você preferir comprar você encontra o livro nas livrarias Cultura, Saraiva e Travessa, por R$38 ou pelo site. www.sereiascivilizacao.site.com.br com desconto ;)

      Beijos!

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  3. Oi Helena. Que resenha fantástica! Me despertou muita vontade de ler esse livro. A Marina tbem fez uma resenha dele, ainda não postada, mas vcs duas tiveram percepções parecidas.

    http://www.blogleituravirtual.com/

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    1. Olá, Gustavo. Obrigada :)

      Quero ver a resenha da Marina, quando sair me avisa! ;)

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