5 melhores livros de 2016


Olá, leitores e leitoras. Tudo bem?

2016 foi um ano muito proveitoso no quesito leituras, li tantos livros maravilhosos e me surpreendi demais com alguns títulos que jamais esperei gostar tanto. Apesar disso, não tive dificuldade em organizar essa lista com as cinco melhores leituras do meu ano. O primeiro lugar não foi surpresa nenhuma:



1º - A elegância do ouriço - Muriel Barbery

Da série "livros que nunca leríamos se não fossem indicados por outra pessoa", A elegância do ouriço foi a surpresa mais grata do ano. A Paula, do Caçando ouriços, leu também em 2016 e gostou tanto, tanto, que eu não pude resistir de tanta curiosidade e peguei o exemplar dela emprestado. Li e foi amor à primeira leitura.



O enredo é lindo, mas os personagens... Paloma, Reneé e Sr. Ozu, são os mais perfeitos! São pessoas muito diferentes cujos destinos se entrelaçam num condomínio de luxo. Paloma é uma garota de 12 anos que pôs na cabeça que se suicidaria aos 13 se não encontrasse o sentido da vida até lá. Reneé é a concierge do condomínio, por fora rudimentar, mas por dentro uma profunda admiradora de literatura e arte (o título do livro se refere a ela, "a elegância do ouriço") e o Sr. Ozu é o novo morador que chega e começa uma linda amizade com as duas. Eu nem sei dizer o que é mais lindo nesse livro: as personagens, a narrativa, o fato de falar sobre livros ou sobre gatos. Só sei que amei tanto que não tenho dúvidas de que foi a minha melhor leitura do ano. 


2º - A cor púrpura - Alice Walker

Esse livro foi uma releitura, mas como eu disse na resenha, foi totalmente ressignificada. Eu amei mais ainda na segunda vez e recomendo para aqueles que gostam de livros em formato de diários, que tratam sobre temas como resiliência, fé e amor apesar das distâncias. É uma história muito linda de uma mulher que passa pelos mais improváveis sofrimentos, desde ser afastada dos filhos e da família a sofrer abusos do marido. Porém, o final é surpreendente e me arrancou muitas lágrimas. 

3º - Demian - Hermann Hesse

Eu claramente iniciei essa leitura com uma expectativa bem alta. Mas o que encontrei foi uma narrativa totalmente diferente do que eu imaginava. Isso aconteceu porque eu nunca procurei resenhas ou comentários sobre Demian na internet ou outros meios, só tinha a indicação de uma amiga e foi uma leitura às cegas. Só posso dizer que amei! O protagonista é Sinclair, um jovem de família ortodoxa e muito correto, até que ele conhece Demian, misterioso e sedutor, que acaba levando Sinclair a caminhos que ele não imaginava seguir. Esse é sem dúvida o melhor romance de formação que já li. 

4º - Admirável mundo novo - Aldous Huxley

Se tem um gênero que é dono do meu coração, esse gênero é a distopia. E as distopias clássicas, então? Nem se fala! Admirável mundo novo traz uma sociedade em que as pessoas já nascem destinadas a pertencer à castas. Nesse mundo distópico, ninguém é triste, pois há um comprimido chamado "soma" que deixa todos felizes. Pessoas felizes reclamam menos, não é mesmo? Além disso, ninguém lê, porque livros não existem, somente os de consulta. Um povo que não lê é mais facilmente alienado, não é mesmo? E é no meio desse cenário que John, um selvagem que nunca tinha tido contato com a sociedade, é colocado. Palavras não bastam para expressar o que foi a experiência dessa leitura. Só lendo para saber o quão interessante e genial esse livro é, por meio das críticas afiadas que faz ao nosso comportamento.




5º - Pretérito imperfeito - Gustavo Araujo

Não podia faltar nessa lista o melhor livro nacional que li em 2016! Pretérito Imperfeito é a linda história de Toninho e Cecília, duas crianças que têm suas vidas entrelaçadas pelas teias do tempo e do destino. Toninho é um menino tímido que tem um relacionamento complicado com o pai e perdeu a mãe de uma forma trágica. Os dois levam uma vida pacata, até que Toninho encontra Cecília e eles dão início a uma amizade pura e surpreendente. Essa história tem um dos finais mais lindos que eu conheço, você termina o livro e fica com o olhar vago, pensando em tudo o que leu. Recomendo demais. Literatura brasileira contemporânea de ótima qualidade.

***



Espero que possam ler algum destes livros - se é que já não o fizeram - algum dia desses. São literatura da mais alta qualidade e, apesar de serem livros não tão cotados no momento, recomendo por serem atemporais e de leitura simples, todos eles são leituras gostosas e fáceis.
Encerro essa lista com a sensação de que li muita coisa boa esse ano e confiante de que em 2017 também lerei muitos livros incríveis!

Beijinhos, Hel.

Recado de final de ano

Olá, leitores, tudo bem? Estou passando para avisar que o Leituras&Gatices vai fazer uma pequena pausa aqui no blog até o ano que vem (que já está logo aí) e volta já nas primeiras semanas de 2017 com as resenhas e textos novamente, certo? Eu imagino que todos vocês, meus leitores e colegas blogueiros, estejam planejando passar Natal e ano novo em família e amigos, colocando  suas leituras em dia, ou mesmo descansando. Por isso, acredito que não tem problema eu me ausentar um pouquinho também. Afinal, 2016 foi um ano bem cheio de compromissos para mim, agora nos últimos meses então, nem conto para vocês o tanto de coisa que eu tive que dar conta, por isso, eu mereço uma folguinha também, haha.

Sei que fiquei muito tempo longe do blog em 2016, mas eu estava totalmente dedicada ao TCC e preferi priorizar as leituras teóricas. O resultado foi meses sem postagens. Claro que eu fiquei muito triste, mas eu fiz um ótimo trabalho no TCC e no fim valeu muito a pena todo o sacrifício. Saibam que já estou preparando muitas resenhas e textos para vocês no ano que vem!


O Leituras&Gatices deseja a todos Feliz Natal e Feliz Ano novo!

Beijinhos da Hel e da Julya e lambeijos do Lionel!




Projeto Viajante literária

Olá, leitores! Tudo bem? Hoje eu quero compartilhar com vocês um projeto que eu criei, o Projeto Viajante literária. Eu sempre quis ir além nas minhas leituras, sair do lugar comum, conhecer novas culturas, costumes, linguagens, tudo isso por meio da literatura, mas sempre senti que estava lendo muita literatura brasileira, inglesa e norte-americana, como se eu andasse em círculos, não conseguindo me desprender da zona de conforto. Por isso, eu pensei em iniciar o ano de 2017 conhecendo autores de nacionalidades diferentes, tendo experiências de leitura diferentes das que eu costumo ter. Então, eu pensei em me desafiar, e tendo me inspirado na ideia de uma amiga minha, enquanto falávamos sobre Literatura universal, pensei em trazer aqui para o blog, fazer um projeto de leitura, com regras e temas, tudo bem definido para eu não ter desculpa e ler de uma vez! Eis que depois de tudo isso surgiu o Projeto Viajante literária:



Eu sei que já há projetos semelhantes, como o da Mel Ferraz, do blog Literature-se, que tem o Lendo o mundo, mas eu quis fazer um só meu, em que eu pudesse escolher os livros que mais me interessam, enfim, deixar mais com a "minha cara". Mas é claro que ficarei muito feliz se algum de meus leitores e amigos quiserem participar!

A ideia que se delineou é a seguinte: 1 (um) livro por mês durante um ano, ou seja, vou ler 12 (doze) livros diferentes, cada um respectivo a uma nacionalidade. Não tive nenhum critério para escolher as nacionalidades, contanto que não fosse brasileira, inglesa ou norte-americana. Logo, fui escolhendo alguns títulos e recebendo algumas indicações de amigos. Eis a lista:

1. FRANÇA Madame Bovary - Gustave Flaubert
2. UCRÂNIA O mestre e a margarida - Mikhail Bulgákov
3. PORTUGAL A desumanização - Valter Hugo Mãe
4. RÚSSIA Anna Kariênina - Liev Tolstoi
5. NIGÉRIA Americanah - Chimamanda Ngozi Adichie
6. NORUEGA A biblioteca mágica de Bibbi Bokken - Jostein Gaarder
7. JAPÃO Caçando Carneiros - Haruki Murakami
8. ALEMANHA O lobo da Estepe - Herman Hesse
9. ESPANHA A sombra do vento - Carlos Ruiz Zafón
10. IRLANDA Dracula - Bram Stocker
11. REPÚBLICA TCHECA O processo - Franz Kafka
12. COLÔMBIA O amor nos tempos do cólera - Gabriel Garcia Márquez

Claro que a escolha também se pautou no fato de algum desses livros eu já ter no meu acervo (Madame Bovary, A desumanização Anna Kariênina e O processo) e alguns dos outros eu desejava há muito ler. Apesar de os títulos estarem numerados, não vou ler nessa sequência necessariamente. Vou lendo conforme surgir a vontade. E também vou deixar a ordem livre caso algum de vocês queira acompanhar o projeto, sintam-se mais livres para escolherem suas leituras

Obviamente, também quero convidá-los a participar do projeto, sintam-se mais do que bem-vindos a ler juntos comigo e compartilhar suas impressões em seus blogs, caso tiverem, ou nas redes sociais.
Espero que eu consiga ler esses livros e que sejam leituras boas. Desejem-me sorte (e tempo livre)!

Beijinhos, Hel.

Tag Minha vida Literária

Imagem: Um Oceano de Histórias


Olá, gente linda e letrada. Tudo bom?

Hoje eu vou responder a TAG Minha vida literária, que foi criada pela Aione do blog Minha vida literária e quem me indicou para responder foi a Bru do Um Oceano de Histórias e também a Thamiris do Historiar. Eu gostei bastante da proposta das perguntas, pois leva a refletir as parceiras, as resenhas e a relação que acabamos desenvolvendo com o blog, enquanto blogueiros literários. Vamos lá?

1. Qual foi sua primeira resenha (escrita e/ou em vídeo)?
A primeira resenha que fiz foi do livro Objetos cortantes, da Gillian Flynn. Não aconselho vocês a lerem, mas se o fizerem, relevem pelo fato de ser a primeira resenha e eu não ser tão acostumada a escrever esse gênero textual. Com o tempo a gente evolui e escreve resenhas melhores, ainda bem, não é mesmo?

2. Qual foi seu primeiro livro de parceria com editora?
O primeiro livro que recebi de uma editora foi A cor púrpura, da Alice Walker, da editora José Olympio, selo do Grupo Editorial Record. Foi, na verdade, uma releitura. Como o blog é novinho, eu recebi esse livro em março desse ano. E foi um ótimo começo, pois esse é um dos meus livros favoritos desse ano.

Primeiro livrinho de parceria a gente não esquece 😍

3. Conte um momento inesquecível que você viveu como leitor.
Essa pergunta é difícil de responder, porque não consigo pensar em um momento pontual. Acho que ocorreram pequenos momentos felizes que, juntos, são lembranças agradáveis (como ter sido selecionada por editoras que eu gosto, receber cartinhas e mimos de blogueiros amigos, conhecer autores talentosos e a amizade que fiz com pessoas maravilhosas).

4. Quantos livros lê em média por mês?
Isso varia muito, mas, normalmente, leio quatro. Nesses últimos meses então... Li quase nada. Mas quando estava com o blog ativo lia um livro por semana.

5. Como as parcerias influenciam suas leituras?
Olha, vou ser sincera, influenciam bastante! Eu costumo sempre colocar na frente da lista os livros que as editoras mandam, sorte minha é que todas as editoras que o blog é parceiro permitem escolher entre uma gama considerável de livros e dão um prazo bem razoável para a postagem da resenha. Caso eu não goste de nenhum que elas sugerem, simplesmente não solicito. Mas a verdade é que as parcerias me fizeram ler muito mais do que eu costumava, e isso de certo modo é bom, pois acelerou meu ritmo de leitura.

6. Um livro que você só leu por causa do blog/canal e se surpreendeu.
Pretérito Imperfeito do Gustavo Araújo. Se eu não tivesse o blog, o Gustavo jamais iria encontrar meu contato e, possivelmente, eu não iria conhecer o livro dele que, apesar de pouco conhecido, é incrível.

7. Um livro que você só leu por causa do blog/canal e se arrependeu.
Um livro que eu me arrependo até não poder mais é O pêndulo de Foucault, do Umberto Eco. Gastei semanas da minha vida em cima desse livro, e me recusei a abandoná-lo, justamente por ser de parceria, mas se não fosse... Ah, eu com certeza teria jogado de lado nas primeiras 100 páginas.

8. Tem algum gênero que você passou a ler nos últimos tempos, que antes não lia (ou não lia com frequência)?
Jovem adulto ou Young adult. Não era o tipo de livro que eu tinha acesso, nem interesse, mas como as editoras lançam muitos desse gênero, eu resolvi me arriscar em alguns que a premissa me parecia interessante. O que eu tinha era muito medo de achar a escrita/narrativa ruim (e realmente alguns têm a narrativa bem pobrinha), mas se mostraram leituras muito divertidas.

Um desses Young Adult que eu gostei bastante foi Silêncio
 
9. Tem algum gênero que você deixou de ler?
Faz algum tempo que eu não leio literatura brasileira (das antigas, tipo Machadão, José de Alencar e autores desse gênero) que eram leituras que eu costumava fazer e abandonei porque percebo que as editoras mandam os lançamentos e muita literatura estrangeira (norte-americana, inglesa). Ultimamente eu tenho tentado ler mais escritores contemporâneos brasileiros, mas pretendo voltar a ler os antigos. 

TAG dada e respondida. Para responder, também, eu indico as amigas: Tainan do Eu curto Literatura, Lívia do Check-in virtual e Thalita, Dê e Jack do Entrelinhas Fantásticas.

Beijinhos, Hel.

Querer amar - Rose Andrade

Olá, leitores. Tudo bem?

Trago, hoje, meu comentário sobre uma leitura um pouco diferente das que faço: Querer amar da brasileira Rose Andrade. Em minha ânsia de variar as leituras e, na mesma ocasião, prestigiar a nossa literatura contemporânea, dei uma chance para essa leitura que não costuma me atrair e que foi gentilmente enviada pela editora parceira Novo Século. A capa é linda, mas o restante dos aspectos... foi uma tremenda decepção.

O enredo é simples e promissor: Lize é a protagonista, uma médica de 28 anos que é noiva de Thomas, um empresário. Eles têm um relacionamento amigável, mas não são fervorosamente apaixonados, isso fica claro. Até que, no dia do noivado, Lize conhece o irmão de Thomas, Richer, e tudo muda. Ela se apaixona perdidamente pelo irmão do noivo e Richer também se apaixona por Lize. Diante da paixão que os une, eles lutam para não caírem em tentação. Richer por medo de trair o irmão, sangue do seu sangue, e Lize para não trair o noivo, que sempre foi gentil e atencioso com ela. A partir daí, se desenrola o enredo de Querer amar, fazendo com que a dúvida de se Lize ficará com Thomas ou com Richer leve a leitura adiante.

"Lize fitou-o nos olhos e depois, com ternura, acariciou o rosto de Thomas.  Ele era tão doce, tão perfeito, fazia de tudo para agradá-la.  E ela era incapaz de lhe retribuir os sentimentos na mesma proporção. Sentiu-se péssima. Muito egoísta. Absorta demais nas próprias loucuras momentâneas." (ANDRADE, 2016, p. 139)

***

Apesar de eu ser suspeita para julgar esse gênero (afinal, seria esse livro um chick-lit? Um young adult?) acredito que a autora foi infeliz na execução do enredo desse livro. Primeiro, pelo fato de haver pouco aprofundamento nas personagens. Digo isso porque ela faz uso de clichês pouco convincentes: Lize é linda, loira, magra, rica e PURA! Sim, aos 28 anos ela ainda é virgem, pois é uma "moça de família" que se dedicou única e exclusivamente à Medicina. Porém, todo a descrição feita da personagem é para reforçar o quanto a roupa que está vestindo é sexy, o quanto ela é sensual e, em último caso, perfeita. Fica um pouco contraditório todo esse apelo para a imagem sexy dela sendo que ela é virgem. Sinceramente, me dá preguiça esse tipo de protagonista, aquela que todos caem de amores, amada e adorada por onde vai e correta o tempo todo. Não havia necessidade de ser assim. Já os irmãos que fazem parte do triângulo são igualmente rasos e estereotipados. Thomas é o homem de negócios, sempre ocupado e que agrada a noiva com presentes caros, mas também é possessivo e quer controlar a vida da noiva. Já Richer é o típico garanhão que tenta dominar as mulheres. Sem deixar de falar que todos na estória são lindos, ricos, magros, elegantes. Acredito que é fácil apelar para o imaginário dos leitores quando só se trabalha com perfeição e não se aprofunda o perfil psicológico dos personagens.

Uma coisa que ficou a desejar, e muito, foi a ambientação e elaboração dos personagens. Não sabemos sequer qual o nome da cidade onde a estória acontece, qual o sobrenome dos personagens e no caso de suas profissões: qual a especialidade médica de Lize? Que tipo de empresário Thomas é? Lize não tem amigas? Nunca teve namorados antes de Thomas? Essas perguntas surgiram em minha cabeça durante a leitura e eu me senti como se tivesse caído num recorte da vida de Lize, e é como se a vida dela não tivesse existido antes de a estória do livro começar.

Foquem no Lionel 😄

Outro ponto que não me agradou foi a linguagem, simplória demais. Pareceu-me que a autora só foi procurando palavras "chiques" e jogando no meio das falas para ficar mais "bonito". Também havia tantos adjetivos desnecessários como "brilho lascivo", "carícia pecaminosa", "desejos mais primitivos", que soavam muito como a linguagem usada naqueles livros eróticos de banca de revista. Além disso, não parecia que eu estava lendo um livro escrito originalmente em português, não havia expressões comuns da fala, nem termos regionais, o que quer que fosse que deixasse os personagens mais humanos. Eu em senti lendo uma versão adulta dos filmes da Barbie.

A narrativa, por último, foi o que, a meu ver, estragou uma estória que poderia ser boa. Talvez pelo fato de a autora não ser desse mundo das Letras (na orelha do livro o leitor fica sabendo que ela é das exatas) ela não tenha conseguido desenvolver melhor esse aspecto. O que acontece é que só há um desenrolar dos acontecimentos, sem uma ambientação. Embora o narrador seja onisciente em terceira pessoa, há muitas falas e pouco sabemos dos pensamentos dos personagens, o que poderia ter sido melhor explorado devido ao estilo de narrador que ela escolheu. A estória só foi acontecendo sem grandes reviravoltas, sem emocionar o leitor, até chegar num final forçado e pouco convincente.

Enfim, foi uma leitura muito rápida, que li de um dia pro outro, mas pelo simples fato de ser um livro fácil de ler, que não requer muito conhecimento linguístico nem reflexão do leitor. Se vocês querem um livro para passar o tempo e se distrair, essa é uma leitura adequada.

Beijinhos, Hel.

ANDRADE, Rose. Querer amar. São Paulo: Novo Século, 2016. 204 p.

Reler ou não reler? Eis a questão + 3 livros que quero reler em 2017

Olá, leitores e leitoras? Tudo bem?

Vocês têm o hábito de reler os livros? Eu pergunto isso porque já ouvi muita gente dizendo que não relê porque considera esse hábito perda de tempo. Eu discordo. Claro que é uma opinião pessoal e que não deve ser encarada como ditatória, mas certa vez eu li um tweet que falava que reler é umas das maiores provas de amor literário, e esse é um ponto de vista tão lindo que comecei a pensar sobre isso. 

Eu sempre tive o hábito de reler, sempre revisito alguns livros que gosto muito, tanto que já li e reli várias vezes O morro dos ventos uivantes, Orgulho&Preconceito, Vidas secas e O pequeno príncipe e a cada leitura é um aprendizado novo, uma recepção diferente.

Eu acredito que a cada leitura somos pessoas diferentes. Por exemplo, a Helena que leu A cor púrpura em 2013 era totalmente diferente da Helena que releu em 2016. A Helena de 2013 não conhecia nada da história dos negros do sul dos EUA, não sabia o que era sororidade, tampouco se importava com o machismo e  a violência com a mulher, assuntos que a Helena de 2016 já buscou saber sobre e que entende serem cruciais para o entendimento da obra de Alice Walker. O que eu quero dizer com isso, caso você ainda não tenha entendido, é que somos seres em constante formação, como Paulo Freire diz, inacabados, e, portanto, a cada momento de nossas vidas vamos encarar o mundo a nossa volta de modo diferente (com mais maturidade e sabedoria, espera-se). Diante disso, eu acho que a releitura de um livro nunca vai ser perda de tempo, pois o livro pode até ser o mesmo, mas nós, não. Isso tudo é muito bonito, não é?

É claro que algumas releituras acabam se mostrando negativas, no sentido de termos adorado o livro na primeira vez que o lemos e, depois, percebermos que o livro não era tão maravilhoso assim. Pode até soar meio contraditório o que vou dizer agora, mas eu acredito que, apesar de ser legal reler pela ressignificação de algumas leituras, há determinados livros que funcionam muito bem para um público em detrimento de outro. Novamente, eu vou citar um exemplo pessoal: quando eu tinha meus 16 anos, eu li toda a saga Crepúsculo, não, eu a devorei. Gostei tanto daquela história que tudo que tivesse a cara do Edward e da Bella estampada na frente, para mim, era lindo. Hoje em dia, eu não cogito reler esses livros, me entendo e me conheço o suficiente para entender que Crepúsculo foi uma leitura que eu me identifiquei na minha adolescência, devido aos temas, à idade dos protagonistas etc. Claro que eu não vou julgar alguém mais velho que queira ler esses livros, só estou dizendo que, para mim, essa releitura não funcionaria.

Já leram algum desses?


Falando sobre releituras, dia desses eu já estava pensando nos livros que quero ler no ano que vem, e também em alguns que eu já li e quero reler, dentre eles A elegância do ouriço. Eu sei que não faz nem seis meses que eu li esse livro, mas foi um livro que eu amei tanto, tanto que eu quis reler assim que eu terminei. Outro livro que eu quero reler é 1984, do George Orwell, um livro que li há mais ou menos dois anos atrás. Esse livro foi uma leitura bem densa, ouso dizer, difícil, e sinto que estou mais preparada para ler agora. Além disso, eu gostei mesmo na primeira vez que li. Outro livro que já li até no idioma original de tanto gostar é Orgulho&Preconceito, e já que ganhei uma edição da Julya, colaboradora aqui do blog, que é uma edição diferente da que eu li, agora eu tenho uma desculpa para relê-lo. 😂😂😂

Bom, encerro por aqui meu singelo texto. Espero podermos conversar sobre releitura nos comentários.

Beijinhos, Hel. 😽

Suzy e as águas-vivas - Ali Benjamin

"Quem é capaz de saber? Talvez o fim de todas as pessoas não seja o dia em que elas realmente morrem, mas a última vez em que alguém fala com elas. Quando você morre, talvez não desapareça de fato, mas se apague em uma sombra, escura e disforme, apenas com os contornos visíveis. Com o tempo, conforme as pessoas forem se esquecendo de você, sua silhueta gradualmente se mistura com a escuridão, até a última vez em que alguém diz seu nome neste planeta. E é então que o que ainda restar de você -  a ponta sardenta do seu nariz, ou seu lábio superior em forma de coração - se dissolve para sempre." (BENJAMIN, 2016)



Como lidar com o luto? Especialmente quando se é uma criança? Como entender que certos acontecimentos, como a morte, simplesmente são o que são e não há nada que possamos fazer para mudar?

Suzy tem doze anos e perdeu sua (ex) melhor amiga, Franny. Ela adotou o não-falar desde que Franny morreu e se isolou do mundo a sua volta em uma nuvem de silêncio. Ela tem plena convicção de que a amiga não morreu afogada, pois Franny era uma nadadora excelente. Em busca de uma resposta mais convincente, já que Suzy não aceita o fato de a amiga ter simplesmente se afogado, ela acredita que a causa foi uma picada de água-viva, a Irukandji, uma espécie altamente mortal, e reúne toda informação possível sobre esses seres. Durante boa parte da narrativa, então, acompanhamos a menina descobrindo tudo o que pode sobre o assunto.

"Quanto mais frágil o animal, mais ele precisa se proteger. Portanto, quanto mais veneno uma criatura tiver, mais devemos ser capazes de perdoá-la." (BENJAMIN, 2016)

Você sabia que as águas-vivas são as criaturas mais antigas da Terra? Sabia que as águas-vivas estão se reproduzindo acima da média por causa da pesca, já que sobra mais alimento para elas e menos predadores naturais? Sabia que existem águas-vivas capazes de se regenerar e até de rejuvenescer se tornando imortais? Que nesse exato momento alguém foi picado por uma água-viva?

Se a sua resposta é não para todas essas perguntas, saiba que você não está só! Eu fiquei fascinada com todas essas descobertas. Aliás, amei toda essa atmosfera científica que o livro tem, mostrando como Suzy se inspira nas aulas de Ciências da professora Turton para empreender sua pesquisa. É lindo como ela é apaixonada pelo método científico, e é uma mensagem muito bonita que o livro passa, de como o mundo é grande, a quantidade de coisas que não sabemos e como a natureza pode ser fascinante se olhada com paixão.

"Talvez, em vez de nos sentirmos como um grão de poeira, possamos lembrar que todas as criaturas nesta Terra são feitas de pó de estrelas." (BENJAMIN, 2016)

Porém, deu um aperto no coração ver o modo como Suzy e Franny se afastam ao passo que entram na pré-adolescência, Suzy não se encaixa nos padrões de beleza e Franny quer ser amiga das meninas populares. As duas eram aquele tipo de amigas que faziam tudo juntas, mas, aos poucos, então, Franny abandona Suzy e chega até a cometer bullying, humilhando-a na frente na escola. Dói ler Suzy relembrando todos esses acontecimentos, mas dói mais ainda perceber que Suzy, no fundo, ainda queria voltar a ser amiga dela. O que é impossível com a morte, a morte destrói todas as possibilidades de as duas, um dia, voltarem a ser amigas. 

Suzy não percebe que sua busca pela verdade é em vão. Ela se culpa pelo fato de estar brigada com Franny antes de a amiga morrer e faz de tudo para provar que a morte dela foi causada pela Irukandji. Ela se compromete tanto em dar uma resposta científica para a morte de Franny, que acaba se esquecendo que mesmo que a encontre isso não muda o fato da morte, que é a única certeza que temos na vida. É claro que o que ela busca não é somente a resposta, mas também uma paz de espírito, algo que possa fazer com que a dor da perda diminua. Mas Suzy se recusa a aceitar a morte da amiga e a vivenciar o luto. 

O luto é um tema muito delicado para nós, adultos, imaginem para crianças. O ser humano sempre viveu em busca de certezas e respostas para a morte, tentando decifrar o que acontece depois. Muitos se agarram à fé de que existe um paraíso, outros se amparam na reencarnação e os adeptos do cientificismo acreditam que a vida na Terra é só o que há! Esse último ponto de vista pode parecer doloroso em vista dos outros, porém, ao ler Suzy e as águas-vivas, e ao me deparar com a delicadeza da escrita de Ali Benjamin, percebi que a vida aqui na Terra pode ser linda se aproveitarmos cada segundo ao lado de quem amamos. Lições de amizade e amor à família estão presentes no enredo, de uma forma leve e bonita. 

Encarar que a nossa existência é finita pode até ser difícil, pensar que num dia estamos aqui e no outro não estamos mais, é uma forma um tanto melancólica de olhar para nossa existência. Mas, novamente, acredito que são temas importantes de serem discutidos, até mesmo com as crianças, e esse livro soube abordar brilhantemente. 

Recomendo a leitura, muito, para todos. É um livro que faz chorar? Litros. Mas também é um livro muito bonito e que traz uma mensagem linda ao final. Muito bem escrito, com palavras simples, mas cheias de significado.

Beijinhos, Hel.

BENJAMIN, Ali. Suzy e as águas-vivas. (Tradução de Cecília Camargo Bartalotti). 1ª ed. São Paulo: Verus, 2016. 222 p.