Os pequenos homens livres - Terry Pratchett

Olá, leitores!

Talvez devesse começar com uma pequena confissão: há muito tempo estava com vontade ler Terry Pratchett. Na verdade, desde que li o livro que ele escreveu em parceria com Neil Gaiman, Belas Maldições (que também é muito bom, então, se encontrar esse livro, leia-o). Sendo assim, quando surgiu a oportunidade, pode-se dizer que me “joguei” na leitura.

Li Os Pequenos Homens Livres, que pertence à série de livros Discworld, que possui um total de 39(!) livros, criada por Pratchett, cujos textos trazem elementos fantasiosos, como fadas, bruxas e outros seres mágicos. Entretanto, é válido lembrar que isso não significa que precise ler todos esses livros para conhecer a história de Tiffany, já que, aparentemente, as histórias são independentes umas das outras.

Os Pequenos Homens Livres conta a história de Tiffany Dolorida, uma menina de nove anos, cujo irmão é sequestrado pela Rainha das Fadas. Ao descobrir isso, ela parte em uma jornada para recuperá-lo, munida de uma frigideira, Pensamentos Melhores e um exército de Nac Mac Feegles, também conhecidos como Pequenos Homens Livres. Além disso, é bom lembrar que Tiffany também é uma bruxa. Ou bruaca, como é carinhosamente chamada pelos seus amigos Nac Mac Feegle.

"Parecia que ele tentava lhe dizer o que fazer e o que pensar. Não se desvie do caminho e não abra essa porta, mas odeie a bruxa malvada, porque ela é malvada. Ah, e acredite que o tamanho do sapato é um bom jeito de se escolher uma esposa." (PRATCHETT, 2015, p. 56).

Assim como muitos livros de fantasia, o ponto forte deste é a mitologia criada pelo autor. Isso porque ele traz personagens comuns desse gênero e lhes dá uma nova roupagem, tais como as bruxas, pois se antes eram más, velhas e verruguentas, que transformam belos príncipes em sapos e aprisionam princesas, aqui, elas são pessoas comuns, mas com a incrível habilidade de ter Pensamentos Melhores, ou seja, elas podem pensar além das coisas normais e, assim, livrar-se das situações complicadas. Também há os Nac Mac Feegles, que são seres pequenos, medindo cerca de quinze centímetros cada, tendo pele azul, devido às tatuagens, e cabelos vermelhos. Eles possuem uma sociedade diferente e tem crenças inusitadas, como a ideia de que estão mortos, pois acham o mundo tão incrível que só pode ser o Paraíso ou algo assim (sinceramente, achei essa definição muito bonita).

"A habilidade de ter a Primeira Visão e Pensamentos Melhores é o que cê tem, e isso é um pequeno dom e uma grande maldição pra você. Vê e ouve o que os outros num conseguem, o mundo revela os seus segredos pra você, mas você é sempre como aquela pessoa na festa segurando a bebidinha num canto, que num consegue se enturmar." (PRATCHETT, 2015, p. 129).



Ademais, os personagens são bem construídos. Tiffany é uma menina muito corajosa e decidida, sempre buscando aprender e questionando mais sobre o mundo ao seu redor. Outro ponto sobre ela é que, assim como eu, Tiffany possui um irmão mais novo, o que acarreta ter de cuidar dele a todo o momento. Caso você tenha um irmãozinho, fácil se identifica com a personagem (o que aconteceu comigo), que mostra quão legal é lidar com ele (sentiram o sarcasmo?). Todavia, os personagens que me cativaram completamente foram os Pequenos Homens Livres, pois são divertidos e esquisitos, falando de uma maneira diferente. Além disso, eles lembram muito o estereótipo dos escoceses, com a ferocidade e a bebedeira.

Além disso, todo esse desenvolvimento vem carregado de um ótimo senso de humor, tornando a leitura muito prazerosa. O autor faz uso da ironia, do sarcasmo e de brincadeiras, e, por isso, durante a leitura, me pegava rindo. Alto. Além disso, a linguagem é bem fácil, considerando que esta obra caracteriza-se como literatura juvenil.

Sendo assim, só posso dizer que, se antes estava animada, agora estou apaixonada pelos livros de Terry Pratchett e, com certeza, o lerei mais vezes, pois o autor traz humor, mitologias e histórias bem construídas. Para um fã de livros fantasiosos, um prato cheio.
Já leu esse livro? Ficou com vontade? Comentem.

Tchau e até a próxima,

Julya Godoy Schmuller J

PRATCHETT, Terry. Os pequenos homens livres. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2016. 304 p. Tradução de Ludimila Hashimoto.

Carry on: ascensão e queda de Simon Snow - Rainbow Rowell

A MAGIA NOS SEPARA DO MUNDO; NÃO PERMITAM QUE NADA NOS SEPARE UNS DOS OUTROS.


Olá, leitores e leitoras! 
Hoje eu vou falar sobre Carry on, esse livro incrível que me surpreendeu positivamente. Tenho que contar, primeiramente, como esse livro veio parar nas minhas mãos. Que o Leituras&Gatices é parceiro da Novo Século, isso vocês já sabem, pulemos para a parte que interessa. Eu como leitora e bookaholic, vivo fuçando as redes sociais das editoras, principalmente os comentários de outros leitores, para ver o que "a galera" está lendo, já que eu costumo ler livros, digamos, clássicos, e acabo, assim, ficando meio por fora dos lançamentos de autores contemporâneos chegou a pessoa que só lê livro de gente morta. Lendo os comentários no Instagram da Novo Século, eu me deparei com váááários comentários do tipo "Por favor, quando é que vocês vão lançar Carry on? Nunca te pedi nada" ou "Quando Carry on chega no Brasil?" e muitos outros comentários semelhantes. Aí eu pensei "Nossa, essa autora deve ser muito boa!". Recentemente, a Novo Século anunciou que estava preparando o lançamento de Carry on, e eu "O.K.". Aí a editora mandou um convite para os parceiros lerem "antes de todo mundo" o livro em questão e eu pensei "Por que não dar uma chance e ver o que essa tal Rainbow Rowell tem de especial". Mas aí, quando fui pesquisar sobre o livro, percebi que os personagens de Carry on são, na verdade, personagens fictícios dentro de outra estória da autora, Fangirl. Então, eu pensei que não entenderia muito bem a estória, mas não, isso não aconteceu! Logo, para aqueles que não leram Fangirl e querem ler Carry on, fiquem tranquilos!
Afinal, do que se trata Carry on?

***

Simon Snow é o protagonista, um bruxo poderosíssimo que foi profetizado como o salvador, aquele que vai salvar todo o mundo mágico do vilão Insipidium, que está sugando a magia de alguns lugares e deixando os seres mágicos com medo de perderem sua magia para sempre. Porém, Simon está longe de se achar um herói, a verdade é que ele tem tanto poder que sequer consegue controlá-lo, e sempre que tenta fazer alguma magia acaba destruindo - ou matando - alguma coisa. Um desastre. Ele tem ao seu lado a amiga Penélope, ou Penny, uma bruxa muito poderosa e inteligente, e a namorada Agatha, que eu achei uma chata e mimada. A estória já começa no último ano de Simon e seus amigos em Watford, a escola de magia, em um cenário de guerra: as famílias antigas versus o Mago, diretor de Watford e protetor de Simon. As famílias antigas acreditam que o Mago esteja planejando algo ruim e que esteja por trás dos ataques do Insipidium ao mundo mágico. Além disso, há também as questões hierárquicas entre os seres mágicos, já que os bruxos são mais poderosos que as fadas, trolls, vampiros etc., e têm um conceito, digamos, elevados de si mesmos em relação aos outros. Tudo isso dá à narrativa um tom de tensão.

Para piorar as coisas, Baz, o odiado colega de quarto de Simon desapareceu, e Simon teme que ele esteja planejando algo para matá-lo, já que tem uma teoria de que Baz seja um vampiro (os bruxos odeiam vampiros) e tenta alertar os outros disso. Os dois são inimigos declarados, e Baz faz de tudo para atormentar a vida de Simon, são feito gato e rato desde o primeiro ano em Watford, porém, no último ano tudo muda e eles, que até eram então inimigos mortais, precisam se unir em nome de algo maior e deixar o passado de lado.

"Mas provavelmente vou ter que matá-lo algum dia, e nós dois sabemos disso."

E é aí que surge um casal que me conquistou: Simon e Baz! (Ué, Hel, mas o Simon não tinha uma namorada, como assim?) Olha, eu só posso dizer que esse casal é muito carismático e a partir da metade do livro é de não querer largar mais! Não só pelo romance que se desenvolve, mas também por toda a trama de conspirações e os segredos que vão sendo revelados a cada capítulo. Os capítulos! Não poderia deixar de mencionar, são capítulos de ponto de vista. Eu já falei que eu amo capítulos de ponto de vista?

Carry on foi a primeira estória que li no Kindle 

Não tem como começar a ler Carry on sem achar parecido com Harry Potter: a magia, o escolhido, um supervilão, a amiga inteligente que livra o protagonista das enrascadas, um diretor que protege o menino escolhido e por aí vai. As semelhanças são bem fortes no começo da estória, porém, param por aí, a partir do momento em que o Draco, ops, o Baz, se declara gay e completamente apaixonado por Simon. (Esse romance me fez lembrar da época da escola, quando estava apaixonada por algum menininho e o ficava irritando para chamar atenção). Tem coisa mais fofa? É assim o romance entre Simon e Baz!

"Eu vou morrer beijando Simon Snow."

Ler essa estória me fez voltar a ser uma fangirl (referência não proposital) de livros de fantasia, assim como eu era na adolescência com Harry Potter e Crepúsculo. Tá, eu sei que já sou um pouco velhinha para isso. Mas a verdade é que a Rainbow me conquistou com os personagens dessa estória, exceto a Agatha.
Simon e Baz, na arte da capa de Fangirl, também publicado pela Novo Século.

Mas, claro, nenhum livro é perfeito. Esse não foge à regra. Rainbow criou uma estória com um universo complexo e muitos personagens que acabaram por não ter tanto destaque e, apesar das 448 páginas, acho que o livro poderia ter sido estendido para mais um livro para que a estória fosse melhor explorada. (Mas Hel, não é você que é defensora dos livros únicos?) Sim. E não. Quando um livro é transformado em saga, mas é uma enrolação sem limites, eu não acho legal. Mas quando a estória é boa e você sente que algumas pontas ficaram soltas ou mal conectadas, acho que sim, poderia haver um prolongamento da estória. Personagens como o Mago e o núcleo dos vampiros ficaram, a meu ver, pouco desenvolvidos. Enfim, acho que eu gostei tanto de Carry on que fiquei querendo mais, talvez seja só isso.

Eu indico fortemente essa leitura para fãs de fantasia e para quem gosta de estórias que envolvam magia, seres mágicos, feitiços, amizade e romance.

Não posso deixar de falar que o post de hoje foi feito devido ao Dia internacional do orgulho gay, para deixar bem claro que toda forma de amor é válida, inclusive na literatura. 

Beijinhos de arco-íris da Hel.

ROWELL, Rainbow. Carry on: ascensão e queda de Simon Snow. 1ª ed. São Paulo: Novo Século, 2016. 448 p. Tradução de Marcia Men.

O pêndulo de Foucault - Umberto Eco

O livro O pêndulo de Foucault apareceu para mim no momento em que eu estava querendo deveras ler Umberto Eco. Umberto Eco é daqueles autores que ouvimos falar muito bem e que ao redor dele é construído uma aura canônica, afinal, já ganhou prêmios literários e foi um renomado filósofo, semiólogo, linguista, crítico literário, além de prestigiado autor de ficção, (vide O nome da rosa, uma de suas mais conhecidas obras). Contudo, porém, todavia, no entanto, meu primeiro contato com o autor não foi, digamos, muito satisfatório (leia: não gostei taaanto da leitura). Explicarei melhor o que ocorreu nas próximas linhas...

Foto: arquivo pessoal

O pêndulo de Foucault conta a estória de três amigos, Belbo, Casaubon e Diotallevi, que trabalham na editora Garamond. O início da narrativa, que a princípio se mostra confuso, se dá no Museu parisiense Musée des Artes et Métiers, com Casaubon se escondendo e à espera de "alguém". Com o progresso do enredo, que é feito em retrospectiva, sabemos que Casaubon e seus amigos estão em apuros, e tudo começa quando a editora recebe um tal Ardenti querendo publicar um manuscrito sobre os Templários, umas ideias muito mirabolantes que, a princípio, os três não dão muito crédito, principalmente Casaubon, que é de todos o mais cético.  Até aí tudo bem, o problema é que, em seguida, Ardenti desaparece, se escafede, some! Ninguém sabe que fim ele levou e, então, decidem investigar, criam O plano e se metem numa enrascada sem tamanho, já que esse Plano, que surgiu de uma curiosidade e meio que de brincadeira, acaba sendo levado a sério por uma sociedade secreta, Tres, que passa a persegui-los.

"Eu devia ir-me embora, ir embora, era tudo uma loucura, estava caindo  no jogo que fizera Jacopo Belbo perder o juízo, também eu, o homem incrédulo." (p.24)

"[Diotallevi] estava obcecado pelo Plano, e no Plano havíamos incluído tantos outros componentes, os Rosa-cruzes, a Sinarquia, os Homúnculos, o Pêndulo, a Torre, os Druidas, a Ennoia.." (p.52)

"Eu fizera da incredulidade um princípio científico, mas agora tinha de desconfiar até dos mestres que me haviam ensinado a me tornar incrédulo." (p. 382)

Foto: arquivo pessoal 

Finalizei a leitura com diversas sensações, a principal é a de que não entendi nem metade do livro. Isso mesmo! E isso porque há nele muitas coisas que sequer já ouvi falar, como os próprios Templários que só vim a conhecer e a pesquisar depois que me deparei com O pêndulo de Foucault. Há, também, trechos de outras obras no idioma original, tanto nos inícios de cada capítulo como no interior do texto, que não são traduzidos, nos mais diversos idiomas, desde italiano até latim. E eu, que não sou poliglota nem nada, ficava na mais pura ignorância, sentindo que estava, a cada trecho desse, perdendo informações importantes para o entendimento da narrativa. Penso que se o tradutor, ou o próprio autor, tivesse utilizado algumas notas de rodapé nesses casos, seria muito bem-vindo, já que em determinado momento eu simplesmente desisti de tentar entender as referências, o que culminou no início da minha frustração, sentimento que me acompanhou pelo restante da leitura.
O fluxo da leitura, que mais me pareceu uma montanha-russa, se deu tão vagarosamente que quase cogitei abandonar a leitura. Confesso que em alguns momentos pulei parágrafos que eu sabia serem descrições que de nada acrescentavam ao desenrolar dos fatos e foi a primeira vez que fiz isso, shame on me. Mas a verdade é que muito era descrito e não havia quase nada de ação no livro, eu gosto de descrições nos livros, mas convenhamos que nada em excesso é bom.
Sinto que me falta bagagem não só literária, como também histórica para que a leitura desse livro fosse mais proveitosa, pois reconheço, embora não entenda, a magnanimidade da narrativa construída por Eco neste livro. Muitos conhecidos meus que viram que eu estava lendo esse livro, me indicaram que, ao invés de começar a conhecer a obra de Umberto Eco por esse título, eu devia começar por O nome da rosa, e talvez eu dê mais uma chance para o autor nesse caso. 
Quando terminei a leitura, fiquei curiosa para saber a opinião de outros leitores sobre o livro e, como de costume, fui olhar as resenhas do Skoob. Fiquei surpresa ao ver a discrepância entre as avaliações deste livro, pois muitos o amam e muitos, muitos mesmo, o odeiam, é só olharem para confirmar, há uma divergência de gostos que eu antes só vira em O morro dos ventos uivantes. Eu, todavia, não consegui classificar o livro, nem se me perguntarem pessoalmente, nem se me pedirem para quantificar em estrelas no Skoob, sinto que, nesse caso, não tenho cacife para avaliar, já que a) esse é o primeiro livro de Umberto Eco que leio, b) não fiz uma leitura suficientemente minuciosa para emitir algum juízo de valor e, como dito anteriormente c) não tenho conhecimentos enciclopédicos suficientes.
Ademais, admito que esse não é o tipo de leitura para se fazer em momentos como os que tenho passado: final de semestre e épocas de provas. Pelo contrário, indico aos que queiram se arriscar nessa leitura que escolham um momento de férias, preferencialmente, em que possam se debruçar em cima da leitura de corpo e alma, pois é isso que este livro exige.
Enfim, fica aqui a indicação - não muito confiável de alguém que não entendeu patavinas - de uma leitura rica em temas como História, Religião, Ocultismo, entre outros temas interligados como sociedades secretas, Maçonaria e conspirações.

"Compreendi. A certeza de que nada havia pra compreender, esta devia ser minha paz e meu triunfo." (p. 667)

Beijinhos, Hel.

ECO, Umberto. O pêndulo de Foucault. 16ª ed. Rio de Janeiro: Record, 2016. 672 p. Tradução de Ivo Barroso.

Escritores e Gatos - Neil Gaiman

Olá, leitoras e leitores! Como vão as leituras? Hoje eu vou falar de um assunto que, depois de livros, é o meu favorito: GATOS! Mas, claro que também vou falar de livros. 
Vocês já repararam como há escritores que amam gatos? E também já repararam como há leitores que amam essas bolinhas fofinhas que ronronam? Eu posso citar vááááárias amigas minhas que são leitoras e amam gatos: a Tainan e a Paula, do blog Eu curto Literatura, são duas catlovers assumidas e eu amo quando elas vêm me mostrar as fotos da Meia-noite e da Lia, as gatinhas delas. A Lívia, do Check-in virtual, também é gateira e tem uma gatinha coisa mais fofa, a Laila. Entre outras pessoas que se eu fosse citar ficaria o dia todo. Acredito, logo, que só pode haver alguma ligação mística entre os felinos e a literatura, algo que não dá para explicar, como se as pessoas que amam ler sintam um magnetismo por gatos ou algo do tipo.
Pensando nisso, resolvi inaugurar uma nova coluna aqui no blog, Escritores e Gatos, na qual eu trarei, a cada texto, um autor que possui alguma relação com gatinhos! Para começar, eu trouxe um autor que eu não sabia que gostava tanto de gatinhos, o Neil Gaiman. 

***
Pelas minhas andanças pela interwebs encontro o blog do autor (como eu não tinha achado isso ainda?!) e me surpreendi ao perceber que ele tem alguns gatinhos e que, de vez em quando, escreve textos falando sobre eles, além de postar fotos muito fofinhas (para o deleite dos leitores gateiros).
A gatinha dessa foto é a Zoe, que infelizmente já faleceu :(

"There is a cat named Zoe who lives with us. It's like living with a fluffy bundle of love.", Neil Gaiman escreveu isso em um post que fez só para ela, intitulado "Zoe". 

Tradução minha: "Há um gata chamada Zoe que vive com a gente. É como viver com um fofinho pacote de amor." Gente... Chorei.
Esses da foto são Hermione e Pod, bem velhinhos e dorminhoquinhos.

Essas são Princess (sentada) e Coconut. A Princess viveu mais de vinte anos e, quando ela faleceu, o Gaiman publicou um texto muito emocionante para ela que é triste demais para eu postar aqui.

E por último essa fofurinha, uma gatinha calico, que infelizmente não encontrei o nome dela (se alguém souber me fala).

Essas fotos e muitas outras eu retirei do próprio blog dele (http://journal.neilgaiman.com/), é só procurar na label "cats" que vocês acharão diversos posts sobre os gatinhos dele.
Além disso, é conveniente eu citar aqui um personagem do livro Coraline, o Gato, que é meu personagem gato favorito de toda a ficção!

"- Por favor, qual é seu nome? - perguntou ao gato. - Olha, sou Coraline. Tá?
O gato bocejou lenta e cuidadosamente, revelando uma boca e uma língua de um rosa impressionante.
- Gatos não têm nomes. - disse. 

- Não? - perguntou Coraline.
- Não - respondeu o gato. - Agora, vocês pessoas têm nomes. Isso por que vocês não sabem quem vocês são. Nós sabemos quem somos, portanto não precisamos de nomes." 
(Ilustração de Dave Mackean)

Esse diálogo é maravilhoso e já vale a leitura do livro todo! Além de lembrar muito o diálogo entre a Alice e o gato de Cheshire, de Alice no país das maravilhas do Lewis Carroll. Acredito, e aponto aqui que é uma suposição minha, que o Neil Gaiman possa ter se inspirado no Gato que Ri de Alice para escrever o Gato sem nome de Coraline. Quem já leu as duas obras deve lembrar que tanto um quanto o outro gato aparecem e desaparecem do nada, além do diálogo já citado aqui, que se assemelha muito ao que o Gato de Cheshire diz à Alice, o que deixa a garota muito confusa, tanto quanto Coraline:

"Você poderia me dizer, por favor, qual o caminho para sair daqui?"
"Depende muito de onde você quer chegar", disse o Gato.
"Não me importa muito onde..." foi dizendo Alice.
"Nesse caso não faz diferença por qual caminho você vá", disse o Gato.

(Ilustração de John Tenniel)

Além de serem diálogos icônicos na literatura, esses trechos também são muito reflexivos e interessantes, pensando que estão em livros de Literatura infantil (mas que tem um monte de marmanjona tipo eu lendo, rsrs), eu penso que isso é genial de se ler para as crianças e induzi-las a pensar sobre essas questões.

Bom, eu espero que tenham gostado de ler sobre o lado gateiro do Neil Gaiman (já repararam como eu tenho falado do Neil Gaiman aqui no blog?). Prometo vir com mais textos de outros autores que gostam de gatinhos ou que falam sobre essas criaturinhas maravilhosas em seus livros, contos, poemas...
E lembrando que eu também sou a gateira mais louca dessa blogosfera e que tenho o gatinho mais lindo, charmoso, fotogênico e carismático da galáxia, o Lionel, que sempre mostro lá no meu Instagram, @leiturasegatices, nos momentos fofos dele em que ele atrapalha a minha leitura, mas eu amo.

Beijinhos, Hel.


Referências:
CARROLL, Lewis. Alice no país das maravilhas. 2ª ed. Sol. Tradução, introdução e notas de Isabel De Lorenzo. Tradução dos poemas de Nelson Ascher. Ilustrações de John Tenniel. 152 p.
GAIMAN, Neil. Coraline. Rocco jovens leitores. 155 p. Ilustrações de Dave Mackean.

Outro conto sombrio dos Grimm - Adam Gidwitz


“Era uma vez uma menina que não gostava de contos de fadas. Ela os achava bobinhos e sem graça. Até que, certo dia, ela descobre que os contos que havia lido até então não passavam de adaptações dos contos originais. Se sentindo traída e na busca implacável pela verdade, ela descobriu que os contos de fadas são tudo menos fofinhos e com finais felizes: eles eram horríveis! E ela os amou assim, horríveis!

Esta história, leitores, é a minha história. De como eu me apaixonei por contos de fadas e como eu descobri que eles podem ser alterados para se adequarem a determinado público. A verdade é que até hoje essas adaptações são feitas, e não vejo nada de mal nisso, contudo, eu prefiro muito mais os contos daquele jeito macabro e sanguinário contado pelos irmãos Grimm. Logo, não pude deixar passar a oportunidade de ter Outro conto sombrio dos Grimm, lançamento da Galera Junior, em minhas mãos.
***
Em Outro conto sombrio dos Grimm, o escritor/narrador Adam Gidwitz nos conduz ao lado de João (aquele do pé de feijão!) e Jill, sua prima (você estava pensando que seria a Maria? Aqui nessa estória Maria é um menino!).
Tudo começa quando Jill é forçada a usar pela sua mãe, a rainha, um vestido de seda. A questão é que essa seda, tão especial que ninguém podia vê-la, na verdade não existia, e a princesa Jill foi humilhada na frente de todo o reino. Já João, que prometeu vender a vaca Leitosa por cinco moedas de ouro, na verdade acabou a trocando por uma semente de feijão mágico, o que deixou seu pai furioso.
Os primos, depois de decepcionarem seus respectivos pais, decidem fugir subindo no pé de feijão que foi plantado por uma senhora misteriosa, que pediu em troca, que buscassem um espelho mágico para ela. Lá em cima, encontram gigantes, depois sereias, a seguir, duendes e por aí vai. Perpassando pelas estórias de vários outros contos de fadas, os dois, João e Jill, em companhia do sapo Sapo (o nome do sapo é Sapo, gente, e ele fala, obviamente) passam por diversas ameaças e embarcam numa viagem de autoconhecimento.
“Seu lar é onde você pode ser você mesmo.”


***
Seguindo a tradição dos contos de fadas originais, Gidwitz teceu uma narrativa recheada de referências a outros contos de fadas, como os da Mamãe Gansa, A roupa nova do Imperador, A princesa e o Sapo e muitos outros, em que a cada capítulo, iniciados com “Era uma vez” ou uma frase do tipo, o leitor se depara com uma referência diferente. O interessante é que, ao final do livro, o autor detalha de onde se inspirou em cada passagem do livro e quais capítulos são originais, ou seja, escritos sem nenhuma interferência de estórias já escritas. Além disso, ele manteve a essência sinistra e apavorante dos contos de fadas, porém, deu um toque de humor muito oportuno e que deixou a leitura divertida e demais.

“João levou uma vaca à feira do mercadinho,
“Encontrou um trapaceiro no meio do caminho!
O garoto mais burro de toda a região,
Trocou sua vaca por um feijão!”

Não posso deixar de citar as interrupções do narrador – que nessa estória usa a voz do próprio autor – que são muito, muito, muito engraçadas. Eu ria demais, como uma criança, com as passagens do narrador tentando explicar alguns absurdos ou pedindo desculpas por alguma parte nojenta ou cruel da narrativa:

“Vocês querem dizer essa palavra, não querem? [...]
É assim:
AI-DEC-CÊ VON FÓI-ER, DER MEN-CHEN FLAICH-FRÉS-ENDE.
Viram? Não foi tão ruim.
Agora, espero que vocês a pronunciem toda vez que eu a escrever, porque levo um minuto e meio para digitá-la e, se vou ter todo esse trabalho, é melhor que vocês também o tenham.”

Eu, que adoro um drama, adorei esse narrador!

Além da estória, que eu não tinha como dar menos que cinco estrelas no Skoob, a edição também merece um comentário à parte: é cheia de ilustrações que remetem à passagens da narrativa, com páginas amareladas e letras agradáveis para a leitura, a edição da Galera Junior está de parabéns. Ponto positivo também para a revisão, impecável.

***
Ao ler Outro conto sombrio dos Grimm, e também relacionando essa leitura a alguns teóricos que li no curso de Letras, como a Regina Zilberman e Teresa Colomer, fiquei pensando como foi que contos de fadas como os de Grimm e Hans Christian Andersen foram cair nas graças do público infantil. Pois, pensando aqui com meus botões, os contos de fadas originais remetem a muitos séculos atrás, já a literatura infantil é um advento recente, então, como um gênero que não foi escrito para crianças, hoje, é considerado literatura infantil? Quem foi que teve a ideia de transformar contos com temáticas como estupro, violência, crueldade, trapaças e maldade em estórias para crianças? É interessante pensar como estórias que eram da tradição oral, contadas entre adultos, depois escritas em forma de narrativa e consagradas nos nomes de Andersen, irmãos Grimm, Perrault etc., hoje, são associadas à crianças. Como diriam alguns professores meus: “Isso dá um TCC!”, e é uma discussão que eu deixo em aberto para discutirmos nos comentários, que tal?

Como vocês conheceram os contos de fadas originais? De quais versões vocês gostam mais: as adaptadas ou as originais?
Beijinhos, Hel.


GIDWITZ, Adam. Outro conto sombrio dos Grimm: João, o pé de feijão e um sapo de três pernas. 1ª ed. Rio de Janeiro: Galera Record, 2016. 351 p. Tradução de Rodrigo Abreu.

Leituras de Maio

Olá, queridos leitores. Mais um mês se passou e venho aqui mostrar as minhas leituras. 
Maio foi um mês conturbado, finalizei meus dois estágios e comecei a escrever um artigo, por isso, não pude ler tanto quanto eu gostaria, mas, ainda assim, fiz leituras muito proveitosas!

Esse mês teve de tudo um pouco: clássico, Young Adult, Infantil e Juvenil! É assim que eu gosto, eclético.
Com quatro leituras concluídas, o mês de maio só trouxe livros babados, um melhor que o outro! Começando por A guardiã de Histórias, escrito pela Victoria Schwab e publicado pela Bertrand Brasil. Esse já tem resenha aqui, confiram!


A leitura do mês do clube do livro de Letras foi o maravilhoso Admirável mundo novo do Aldous Huxley, terceiro volume da coleção Grandes nomes da Literatura, publicado pela Folha de São Paulo, mas que é a mesma edição/tradução publicada pela Globo livros. Mais um livro daqueles que deixam marcas, e que entrou para minha lista de favoritos com certeza. Ao estilo de 1984, Admirável mundo novo narra uma sociedade oprimida e governada sob um regime de manipulação em massa (e genética) em que as pessoas não são livres para pensar ou fazer o que querem. Recomendo demais a leitura!

Já tomaram suas doses de soma?
As leituras de maio finalizaram com muita Literatura Infantil e Juvenil, começando por Outro conto sombrio dos Grimm, escrito por Adam Gidwitz e publicado pela Galera Record. Só posso dizer que amei essa leitura e que nunca me diverti tanto com um narrador quanto nessa estória. Em breve sai a resenha e vocês poderão saber mais desse livro incrível.

Linda edição da Galera. Outro conto sombrio dos Grimm é o segundo volume, o primeiro se intitula Um conto sombrio dos Grimm e também foi publicado pela Galera.
E para finalizar com chave de ouro teve Neil Gaiman e o fofinho Felizmente, o leite, publicado pela Rocco jovens leitores. É a estória de um pai que sai para comprar leite para o cereal dos filhos e se mete nas encrencas mais mirabolantes envolvendo estegossauros cientistas, vampiros e até viagem no tempo: tudo para poder trazer o leite a salvo para casa. Engraçado e todo ilustrado por Skottie Young, essa estória é daquelas para se ler para os filhos toda noite. Mesmo sendo um livro infantil, recomendo essa leitura para todos!


Essas foram as leituras de maio. Já leram algum desses livros? O que vocês leram ou têm lido, me contem!

Beijinhos, Hel.