Um chapéu cheio de céu - Terry Pratchett

09:00

Olá, leitores!

Caso se lembrem, há pouco tempo fiz a resenha de Os Pequenos Homens Livres, de Terry Pratchett, que contava a história de Tiffany Dolorida e dos Nac Mac Feegle. Pois bem, hoje trago a continuação desse livro, chamada Um chapéu cheio de céu. Por essa razão, não irei falar muitos detalhes da trama para evitar spoilers do livro anterior.

Pois então, após os eventos do livro anterior, passaram-se dois anos e Tiffany está se preparando para aprender mais sobre como ser uma bruxa e, para isso, irá morar com Srta. Plana, uma mulher misteriosa. Por sua vez, os Nac Mac Feggle partem em uma jornada para salvar sua bruaquinha de um inimigo milenar.

Assim como no livro anterior, o autor apresenta esse universo mágico, explorando e expandindo a mitologia dele, ao mostrar a organização das bruxas e a função delas na sociedade. Além disso, ele traz novos seres mágicos, como a própria Srta. Plana, cuja história é bem inusitada. Devo confessar que, assim que descobri o mistério sobre ela, o primeiro pensamento que me veio foi: “Nossa, isso seria muito útil para fazer trabalhos acadêmicos.”. Bem, vida de universitária é isso.

Pensamentos Normais são os pensamentos do dia a dia. Pensamentos Melhores são os pensamentos que você pensa sobre a forma como você pensa. Pensamentos Melhores Ainda são pensamentos que observam o mundo e se pensam quase sozinhos. São raros e muitas vezes problemáticos. Escutá-los é parte da bruxaria. (PRATCHETT, 2016, p. 64)

Voltando à obra, a primeira parte do livro é dividida em dois “núcleos”: a história da aprendizagem de Tiffany e a jornada dos Nac Mac Feegle até ela. Obviamente, achei a parte sobre os Pequenos Homens Livres mais divertida, considerando que eles são meus personagens prediletos. Há uma previsibilidade nas situações que eles passam, mas elas são construídas de uma maneira tão interessante que é quase impossível não se divertir com elas.

Todavia, nada é perfeito. Percebi alguns problemas narrativos que, particularmente, me incomodaram, especialmente nas partes da história referente à Tiffany. Algumas situações são iniciadas e concluídas muito rapidamente, sem que elas sejam bem exploradas, dando a sensação que foram meio “soltas” no livro, e, consequentemente, não proporcionam aquele impacto emocional ao leitor. Ademais, ele traz elementos clichês, como a protagonista superpoderosa, que faz coisas extraordinárias, algo que uma bruxa novata dificilmente conseguiria. Além disso, ela possui uma boa relação com a bruxa mais importante, embora essa personagem seja tida como antissocial. Por fim, há a melhor amiga da protagonista que é meio esquisita, a menina arrogante e que secretamente tem inveja da protagonista (Ok, é impressão minha ou isso lembra muito Harry Potter?).

Fonte: arquivo pessoal

O autor mantém seu estilo, trazendo um bom humor para a obra, por meio da ironia e do sarcasmo. Esse cuidado na narrativa torna a leitura mais gostosa, permitindo que o leitor se delicie com as tramas do livro. Assim como em Pequenos Homens Livres, essa obra possui uma linguagem fácil, o que torna a leitura bem rápida.

Os Nac Mac Feegle do Giz odiavam a escrita por vários motivos diferentes, mais o maior deles era esse: a escrita permanece. Fixa as palavras. Se um homem disser o que pensa, algum pequeno biltre desagradável pode anotar e sabe-se lá o que vai fazer com as palavras! É como pregar a sombra de um homem na parede! (PRATCHETT, 2016, p. 32)

Por fim, embora a história tenha alguns probleminhas (lembrando que não sou o público-alvo desse livro, o que pode afetar meu entendimento da narrativa. Sim, minha carinha de anjo engana), achei o livro muito bom e divertido, confirmando meu desejo de conhecer mais as obras de Terry Pratchett. Sendo assim, como afirmei na outra resenha, esses livros são uma ótima opção para fãs de literatura fantasiosa, devido à mitologia rica e a narrativa gostosa de ser ler.
Já leu esse livro? Ficou com vontade? Comentem.

Tchau e até a próxima, J
Julya G.S.

PRATCHETT, Terry. Um chapéu cheio de céu. Rio de Janeiro: Bertrand Brasil, 2016. 336 p. Tradução de Alexandre Mandarino.

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8 comentários

  1. Oi! =)
    Ainda não li nada dele, mas estou curiosa pelo primeiro livro, "Os pequenos homens livres", apesar de que esse segundo não me encantou muito (exceto a parte da Srta. Plana, se for o que estou imaginando). Esses livros com personagens superpoderosos não me agradam mais. Acho que prefiro um pouco de realismo ou dificuldades; dramas e tal. Aliás, foi algo que me agradou nos livros das Aventuras do caça-feitiço, do Joseph H. Delaney.
    Mas imagino que para um público mais jovem ou que goste mais de elementos fantasiosos, como disseste, o livro seja muito bom! =)
    Enfim, gostei dessa última citação. Engraçadinha~ XD
    E parabéns pela resenha, ficou muito boa~ ^^

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    1. Olá, Paula,
      Sim, o primeiro livro é muito divertido e recomendo sua leitura. Além disso, já ouvi falar dos livros de Joseph H. Delaney e tenho muito curiosidade em lê-los.
      Ademais, fico feliz que tenha gostado da resenha.
      Beijos.

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  2. Olá Julya!
    Esse é um daqueles livros que só pelo titulo já dá vontade de ler. Muito lindo!
    Mas não sei se leria. Ando evitando séries literarias e apesar de gostar bastante de fantasia e livros infanto juvenis acredito que os mesmos problemas que te incomodaram me incomodariam também e eu não aproveitaria a leitura.
    Bjs

    EntreLinhas Fantásticas

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    1. Olá, Thalita,
      Também gosto de livros juvenis e com elementos fantásticos, mas creio que eles devem ter um bom desenvolvimento narrativo. E quando isso não acontece, penso que prejudica a leitura. Sendo assim, caso pense como eu, talvez não aproveitará a leitura desse livro especificamente, todavia, acho que o primeiro livro dessa série é muito bom e o recomendo.
      Beijos.

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  3. Oi Julya!

    Embora a história da Tiffany tenha sido o ultimo arco do Série Discworld a ser escrito, como a série começou em 1986 é mais fácil o contrário ter acontecido e a J. K. ter se inspirado nele hahaha afinal ambos são ingleses e o Terry já era famoso antes dela escrever seu primeiro livro kkk... Se bem que pensando bem acho que não... essa coisa de crianças super poderosas é muito antiga, embora eu ache que meninas sejam mais difíceis de protagonizarem a jornada do herói do que meninos.

    Terry Pratchett é um dos meus autores favoritos e eu amo seus livros e tenho xodó pela Tiffany e a Vovó Cera do Tempo também é uma das minhas personagens favoritas no multiverso, ela aparece em inúmeros outros livros do Disco. Sou super suspeita para falar desse livro e do Pratchett ainda mais em um livro no qual ele abordou tantas vezes a fragilidade da vida, a passagem de bastão dos mais velhos para os mais novos, como pessoas poderosas e teimosas ficam fragilizadas com o tempo... fiquei com o coração na mão percebendo como a Vovó realmente é uma senhorinha... Muitas vezes me peguei lembrando de que ele escreveu esse livro na mesma época que se descobriu sendo um portador de uma forma precoce de alzheimer, me pergunto até que ponto as reflexões da Tiffany sobre a passagem do tempo não se misturam com as do Pratchett.

    Como já leio a série a uns bons anos e comecei a lê-la pelos títulos destinados a pessoas da minha idade (na casa dos 30 e a série tem livros para essa faixa etária) gostei dessa história demais e torço muito para que a Bertrand publique os próximos 3 volumes.

    Pandora
    O que tem na nossa estante

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    1. Olá, Pandora,
      Este é o terceiro livro do Terry Pratchett e, embora ache que ele tem alguns probleminhas, gostei da escrita dele, além do que, espero que tragam mais livros dele, pois tenho muito curiosidade em conhecer mais sobre esse universo construído por ele.
      Beijos.

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  4. Oláá Julia,
    Não conhecia o livro, mas fiquei encantada, parece ser uma leitura ótima que faz jus a capa fofissíma. Espero ler logo Um Chapéu Cheio de Céu!
    Bjooos

    Jovem Literário

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    1. Olá, Eloísa,
      Realmente, a capa é muito linda, com elementos que combinam com a história. Espero que goste do livro :)
      Beijos.

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